sábado, 29 de novembro de 2008

A FELICIDADE PODE SER UM PÃO DE ALHO

Terminar reunião de trabalho mais de 11 da noite numa sexta feira é dose né não? Pois foi o que aconteceu ontem. Pior, lembrando que não tinha nada em casa prá comer.
Prá variar, resolvi andar a pé, Praça da Liberdade - Floresta. Pensei em passar no supermercado 24h e desanimei quando lembrei que toda vez que vou lá não acho nada que quero. Bateu a preguiça também da volta que ia dar. Fui então numa lanchonete no centro, dessas bem derrubadas, cara de centro de cidade de noite. Pão, hamburguer e aquele monte de coisas dentro. Na dobradinha o refresco saía baratinho. Muuuuuiiito movimento, gente saindo de escola ou trabalhadores da redondeza. A limpeza do estabelecimento? Melhor pular essa parte.
Barriga cheia, segui meu caminho. No primeiro quarteirão, percebi que de cheia a barriga não tinha nada. A fome continuava e na minha lembrança uma simples paçoquinha diet me esperava em cima da geladeira. Mudei o rumo planejando comprar quatro esfihas prá viagem.
Depois de 15 minutos invisível no Habibs da Afonso Pena, centrão de BH, desisti do meu projeto. Pensa bem, você em pé diante de um caixa e atrás do balcão cinco moças de uniforme vermelho discutindo os mais variados assuntos. E olha que eu era o primeiro da fila, o que tinha me deixado bem animadinho na chegada. É, no início eu era o único da fila, mas quando coloquei meu dinheiro de volta no bolso já tinha começado a juntar gente atrás de mim. Fila de um povo tão invisível quanto eu, porque as moças nos ignoravam enquando discutiam uma talvez desmontagem da máquina de sorvete.
Corte para minha casa, para onde fui conformado de não encontrar mais nada aberto no caminho, pensando só na paçoquinha que ia pelo menos me distrair.
Então, sabe quando abrimos a geladeira por abrir? Aquilo que falam prá não fazer, porque gasta energia? Pois foi nessa hora que lembrei que "felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes". Quando recorri mecanicamente à geladeira, intimamente conformado de pegar a garrafa de água, dei de cara com um pão de alho! Putz, eu tinha comprado esse pão no dia anterior, porque foi a única coisa que encontrei na padaria que já estava fechando. Acabei não comendo e nem lembrava mais disso.
Não teve dancinha de vitória igual em filme, só forninho ligado prá esquentar o lanche e um restinho de suco do fundo da caixa... Nossa! Daí prá frente, cama!
A paçoquinha? Só comi hoje.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

MEIA BOCA

O que você prefere? Pagar meia entrada no cinema para ver Batman ou pagar meia conta de luz? O que vale mais, pagar meia prá ver Chitãozinho e Xororó ou dividir a conta pela metade no caixa de supermercado?
Bonitinha a tal da meia entrada né? Vale pro estudante que paga uma calça inteira de grife e vale pro idoso, que quando vai na farmácia paga a conta inteirinha. Sabe quem completa a outra metade? Nin-guém. Pois é, o profissional da cultura e entretenimento é o-bri-ga-do a trabalhar pela metade. Você já imaginou uma lei que cortasse seu salário pela metade no final do mês?
Se eu gosto de pagar meia? Quem não gosta? O produtor cultural ou de entretenimento quer fazer promoções envolvendo preços? Claro que sim, desde que isso seja uma decisão dele, baseada em uma estratégia do seu negócio. Com certeza todo mundo já viu placa de liquidação, descontos e tal... Agora entrar numa loja com uma carteirinha emitida no computador do colega e pagar metade da conta... Acho que isso ninguém nunca viu.
Voltando, amo pagar meia entrada. Só vou ao cinema pagando meia. Como? Usando cartões de desconto de assinatura de jornal, de banco, de telefone celular... Ou seja, aproveitando as oportunidades de marketing utilizadas pelas empresas, que fecham parcerias de negócios.
Sabe quem topa fazer estas parcerias? Os profissionais de cultura e entretenimento. Entendeu a diferença? Eles topam, não são o-bri-ga-dos.
Então é isso. Está rolando uma votação na lei da meia entrada. Tudo que o pessoal pede é que haja regulamentação e que se ponha ordem na bagunça. Também que se pare de fazer bonito com o chapéu alheio. O Estado quer dar meia entrada? Pois então que banque a outra metade, o que não dá é pro trabalhador do setor dividir sua receita ao meio, sem nenhuma contrapartida real.
Fica aqui uma sugestão. Vamos iniciar um movimento pelo meio imposto. Dividindo pela metade tudo o que a gente paga sem saber prá que, vai sobrar dinheiro prá ir no teatro todo mês, sem precisar ficar pedindo cortesia.

domingo, 9 de novembro de 2008

BOLSA-PESCARIA

Dar o peixe ou ensinar a pescar? Sempre tive essa implicância com o tal bolsa-família, um programa que eu só conseguia ver como assistencialismo barato de resultado "e doutor uma esmola, a um pobre que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão" (Galope - Gonzaguinha). Do jeito que o mundo anda, nem pensar na vergonha né, é a parte do viciar mesmo.
Além da implicância, eu tinha também uma curiosidade: Como é que alguém podia melhorar a vida com a miséria distribuída? Algo em torno de uns cento e poucos reais, quando muito. Pois bem, hoje, domingo, tudo mudou.
Li na revista do meu vizinho uma matéria com um raciocínio que eu nunca tinha pensado. A tal matéria foi ilustrada com vários casos reais, de famílias que se beneficiam dessa tal bolsa. Uma das histórias me abriu os olhos:
O casal vivia miseravelmente, antes mesmo de ser casal, cada um com seu povo. A mulher então, nossa, deu até dó quando ela contou que no seu passar fome só foi conhecer macarrão com mais de 20 anos, numa festa de casamento. Pois bem, o casal tem dois filhos, um menino e uma menina. É aí que entra a parte legal do bolsa-família, olha só. As crianças não precisam trabalhar na enxada, como os pais, que se viravam na roça desde os 6 anos de idade. Estão na escola, comem todos os dias, incluindo macarrão, e podem sonhar com um futuro de modelo-médica e motorista de caminhão-jogador de futebol. É, combinações estranhas, mas bem diferentes da vida da mãe, aquela que foi comer macarrão em festa de casamento depois de adulta.
Ó, a bolsa-futuro funcionando! Não ensina a pescar o peixe, mas por outro lado possibilita uma mudança de vida na geração seguinte. Gente, como é que eu nunca tinha pensado nisso????? E você, já tinha olhado por este angulo?
Aquela parte da curiosidade continuou, embora a revista demonstre a diferença do que os valores financeiros representam de acordo com região do país e tal. Mesmo assim, difícil entrar na cabeça como aquela família-bolsa come o mês inteiro, dignamente, com cento e poucos reais. Ah, ainda compra roupa e material escolar...
Adorei poder ver com outros olhos uma idéia que só me dava antipatia. Devia agradecer ao vizinho pela leitura, só que, muito aqui entre nós, ele não sabe que leio a revista dele.