domingo, 26 de abril de 2009

A VIDA CONTADA E A VIDA VIVIDA

Eu, como a maioria das pessoas (acho), invento algumas coisas. Já até falei sobre isso em outro post, "Teatro e Semana de Cinzas", é só rolar aí pros mais antigos e você encontra.
Hoje vou falar de outra coisa que inventei. Tinha idéia deste tópico há muito tempo, mas fico sempre adiando por causa daquele lance que também já falei, quero postar na hora que o blog tiver mais leitores em número e, principalmente, em fidelidade. A urgencia agora se deu porque minha amiga que estuda letras me falou que tem usado não só o termo, mas também o conceito em sala de aula. Tudo bem, ela cita a fonte, eu, mas como não posso registrar uma coisa dessas na Biblioteca Nacional e muito menos patentear, pelo menos vou registrar aqui. No mínimo você vai saber que a teoria é minha, e quem sabe um dia vai defender isso numa mesa de bar.
A vida contada e a vida vivida. Essa expressão surgiu de uma conversa que estava rolando com meu amigo, na sala da casa dele, em Londres. Ele tinha se mudado prá lá tinha um ano (agora fazem 12) e eu estava visitando. Antes disso a nossa proximidade era muita, até moramos juntos aqui em BH. Bom, nesse período, ambos em BH, eu fiz algumas viagens, inclusive outras internacionais. Então o papo era esse. Ele ficava me falando que parecia que as outras viagens tinham sido mais legais, e aquela ali, da visita a ele, estava sendo a pior.
Estava? Não, era a mesma coisa. Claro, viagem sempre é melhor depois que acontece. Enquanto vai acontecendo é um cotidiano agradável. Mas boa mesmo ela fica na hora que a gente lembra... Lembra e con-ta.
Essa era a diferença. As outras viagens que eu tinha feito, quando chegava, contava prá ele. Esse contar animado nos primeiros dias prosseguia por dias e anos. Claro, contar viagem dura muito, tanto que tô falando aqui de uma que tem 11 anos.
Então, daí que surgiu o conceito, vida contada e vida vivida. Dessa vez em Londres ele estava vivendo a viagem comigo, e não me ouvindo contar. Isso faz toda a diferença. Fácil extrapolar prá todo o resto. Tem uma frase que adoro:
"Como são fascinantes as pessoas que nós não conhecemos".
E é isso mesmo, não vivemos com as pessoas que não conhecemos, sabemos só de contar. Você acha que a Madonna seria tão fascinante se você convivesse na cozinha dela? Claro que não. E os filmes, livros, essas coisas que nos encantam, são o que? Vidas contadas.
Enfim, é isso. Ninguém precisa achar a própria vida chatinha, entediante. Garanto que se algum dia alguém resolver contá-la em uma peça de teatro, ela será bem legal. Eu pelo menos tenho certeza que vou querer assistir.

terça-feira, 21 de abril de 2009

POVO DE ANTIGAMENTE

Eu tenho uma frase que falo direto:
Não se compara o incomparável.
Uso sempre que as pessoas querem falar de coisas que não se comparam mesmo. Por exemplo, alguém me pergunta sobre um filme de guerra e uma comédia romantica. É, não se compara o incomparável. Da mesma forma quando alguém quer dizer "porque antigamente era assim". Ram-ram, mas antigamente não era hoje, obviamente o mundo era todo diferente e se era todo diferente, claro que tudo era diferente.
Então, com tanto diferente, o tema aqui-agora na verdade traz a tona algumas comparações, meio inevitáveis. Não vou faze-las, cada um faz a sua, se achar que precisou.
Bom, não tô indo tãããããõ antigamente assim. Vou parar ali, na época dos meus pais. Meu pai se fosse vivo teria hoje 85 anos. Minha mãe recem completou 81, saudavel e bastante ativa, tanto no corpo quanto na mente. Coincidentemente ambos ficaram orfãos de pai bem cedo, todos dois ainda crianças, por volta dos 7 anos, creio, uma vez que nada que vem deles tem uma exatidão de datas. Enfim, orfãos e numa época bem diferente da de hoje, não passaram do "quarto ano de grupo", outro dado suposto, porque sempre dito assim, de forma genérica.
bom, seu Benedito, quarto ano de grupo... Redação impecável, o datilógrafo mais veloz da face da terra. As máquinas não acompanhavam a velocidade dos dedos de tal forma que as teclas se embolavam. Quando começou a procurar emprego, ainda menino, logo que chegou a BH, se oferecia como "datilógrafo com redação própria", termo inventado por ele, que foi se revelando ao longo dos anos bom de marketing. Pois é, ele não só batia a máquina rápido, ele criava o texto a partir de orientações do patrão. Mais tarde, redigia contratos nas suas lidas com imóveis. Contratos impecáveis diante da análise de qualquer advogado. Quarto ano de grupo, tem base?
tem a dona Ilva. Trabalhadora em solteira, já que orfã desde sempre, depois de casada tornou-se dona de casa. Lavar, arrumar, passar, fazer a comida e até as roupas de 6 filhos. Trabalho bem braçal né? Mesmo assim, nunca, nun-ca, vi a minha mãe escrever uma palavra errada. Ne-nhu-ma. Caligrafia perfeita, de professora sem ser, escrevia cartas, receitas, bilhetes, o que quer que fosse com perfeição. É gente, quarto ano de grupo.
Daí vem o incomparável-comparável com os dias de hoje. Com certeza o mundo era bastante diferente, mas no aspecto de aprender a escrever eu creio que não. Uai, a pessoa aprendia na mesma lingua de hoje, o que mudou foram alterações gramaticais acontecendo ao longo dos anos... Aff, igual essa de agora, que nem sei se quero aprender. Como diz um escritor que admiro, "escrevo de ouvido", não me pergunte por qual regra sei onde tá errado, só sei que sei...
Penso que talvez uma coisa determine o escrever correto, e até o escrever bem. A leitura. Meus pais, com quarto ano de grupo, sempre foram leitores vorazes. Não me lembro de uma única vez que não houvesse pelo menos um livro sendo lido por eles. Meu pai foi assim até o fim, e minha mãe prossegue na atividade, devorando desde best sellers até livros de história. Éééé, como ama historia ela chega a ler livros didáticos. Isso sem contar que nasci tendo sempre jornal em cima da mesa da copa.
, alguns dizem, com ar de crítica e enfado "antigamente as pessoas liam mais". É verdade, liam, mas me conta, se não lessem iam fazer o que? Ficar olhando pro tempo? Uai gente, ler era a única coisa que tinha prá fazer, diferente de hoje. Nessa hora entra a comparação do incomparável.
Enfim, para terminar e cumprir a promessa de posts mais ou menos curtos, acho incrível que hoje existam os tais analfabetos funcionais. Essa terminologia surgiu pra definir pessoas que emendam letras umas nas outras mas não entendem o que estão lendo. Deve valer também prá quem não sabe escrever. Alguma coisa aconteceu, além do menor hábito de leitura, senão como explicar pessoas na faculdade escrevendo "eles estavão com fome", ou então "vamos fazer dinovo"?
O quarto ano de grupo tá precisando voltar a ter algum valor né não?

sábado, 18 de abril de 2009

DE NOVO OS DELITOS

Relutei muito em fazer este post e diante da velocidade que os escandalos criminosos acontecem neste país tudo fica ultrapassado muito rápido. Camara e Senado então se especializaram, ao que parece elegemos pessoas com o objetivo de dilapidar o patrimônio do contribuinte com requintes de competência. Mas o caso aqui não são estes criminosos eleitos, mas sim um fato que ocupou a mídia digamos assim, por 3 dias, tempo demais levando em conta a necessidade de se inovar na divulgação da bandalheira. Qual o caso? Daslu.
Depois de ser pega com a boca na botija sonegando os valiosos impostos que alimentam a sanha dos nossos políticos, a empresária Eliana Tranchesi foi presa novamente. Dona da meca do luxo tupiniquim, a sua queda foi motivo de muito aplauso dos justiceiros de plantão. Por que? Pelo crime de sonegação? Não, pelo grave crime, inafiançável, de ser rica.
Aqui faço a observação do tanto que custei a publicar este assunto. Pelo simples fato de alguns fazerem confusão e acharem que estou defendendo a moça, que naturalmente não conheço.
Não, não não! Não se trata de forma alguma de justificar a falsificação de notas fiscais que faziam com que uma blusinha Gucci entrasse no Brasil pelo singelo preço de R$ 2,00. Para os que não acompanham o raciocínio e pensam em superfaturamento de preço, já que na Daslu creio que niguém gaste menos que uns 10 mil a cada comprinha, a lógica não é essa. Ela não pagava 2 ou 5 reais numa pecinha. Pagava muuuuuuiiiiiiito mais. Com a falsificação de notas o ganho era no que iria recolher de impostos, o que naturalmente fazia num valor bastante abaixo do real.
Bom, dito isso, vamos aos justiceiros. O brasileiro, e na verdade creio que nem seja uma particularidade dos nossos conterraneos, mas sim do ser humano, não liga muito para o crime. Ram-ram, não liga, porque pratica. As mesmas pessoas que aplaudem a prisão da sonegadora não se intimidam em comprar um contrabandozinho. Também não se importam de comprar produtos falsificados, como um " relógio rolequis" e nem ligam de lotar as banquinhas dos vendedores de CDs e DVDs piratas. Alguns mais ousados chegam a comprar produtos roubados, de retrovisor de carro até o carro inteiro, sem contar celulares, talvez os campeões de audiência.
Bom, estas pessoas alimentam a cadeia do crime e pasme, o crime não paga impostos. Tão aguerridas na luta contra a sonegação, tão felizes em ver uma dona rica atrás das grades, trocam tapinhas de camaradagem com seus fornecedores favoritos. Ah tá, tem aqueles também que nem ligam de ter funcionários sem "fichar". Justificativa geral?
Tudo muito caro, se não for assim não dou conta de comprar.
Beleza, quando roubarem a televisão da casa de um destes, prá vender por 50 contos na rua, não vai haver nenhuma reclamação né? Afinal, a pessoa que comprar não tem como pagar uma de 600 na loja, e vamo combiná? A mercadoria precisa girar né não?
Enfim, não faltou quem apoiasse (os bandidos) quando o Luciano Huck foi assaltado. Incrível o povo falando que era bem feito. Sabe por que? Ora, porque quem estava sendo assaltado não era um cidadão, era um rico. E óbvio que quem comprou o produto do roubo e lucrou bastante com ele merece aplauso, afinal, não é um criminoso, é apenas alguém fazendo justiça social.
Finalizando, que já ficou grande demais. 94 anos de pena prá madame? É, até pouco, se levar em conta que é só 3 vezes a pena do tal do Marcola (acho que é isso), traficante com umas tantas mortes nas costas. Falando nisso, quando fizeram o leilão dos bens de um outro traficante não faltou quem corresse pra arrematar cueca do dito cujo a R$1,00.
É, vai entender...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

SÁBIAS DECISÕES

Somos o que escolhemos ser. Somos? Sei lá, eu tenho as minhas dúvidas e se por um lado acho bom, por outro lado acho ruim. Simples, acho bom porque se fosse assim a gente teria bastante segurança quanto a evitar adversidades e fracassos. Por outro lado é bem ruim pensar que somos responsáveis por tudo que nos aconteça e, pior ainda, a encruzilhada de escolher o que se quer ser. Na verdade, eu até hoje não sei o que quero ser quando crescer. A cada dia descubro que o mais difícil talvez não seja realizar os desejos, mas sim saber o que desejar.
alguns anos desenvolvi um pensamento, quase uma teoria, que vivo dizendo por aí. Somos presos na ilusão de que as grandes decisões definem a nossa vida. Então precisamos nos concentrar numa profissão, por exemplo. O que vou estudar? Queremos também definir o nosso afetivo. Quando vou me casar? Quantos filhos vou ter? O pragmatismo americano tem uma pergunta muito presente em filmes ou séries:
- Onde você se vê daqui a cinco anos?
Gente, sabe o que é mais importante que todas estas perguntas que atormentam o ser humano logo que ele começa a andar e falar? Muito mais sério é saber se hoje volto prá casa por essa rua ou pela paralela. É, isso mesmo, uma pequena decisão dessas pode influenciar muito mais a sua vida do que decidir fazer medicina aos sete anos de idade. O que acontece é ninguém sabe nada, e sem saber nada ainda tem a ilusão do controle, olha o angu.
Então, ao decidir mudar o caminho de volta prá casa eu posso ser o agente de um acontecimento mega importante que vai rolar ali, naquela rua, e não na outra onde eu normalmente estaria passando. Que acontecimento? Ah, pensa aí, qualquer um, na verdade tanto pro bem quanto pro mal. Conhecer alguém, achar um bilhete premiado... Tá bom engraçadinho, você pode também ser atropelado, por exemplo. Quer ver você quebrar a cara? O atropelamento foi positivo, porque você só teve uns hematomas e evitou o piano que caiu do oitavo andar justamente naquela rua que você estaria passando.
Ram-ram, dá prá pensar no lado bom sempre. Quer mais? O seu atropelamento não foi por um cavalo branco, mas dentro daquele carro estava o seu principe encantado, que você não conheceria se tivesse escolhido atravessar na faixa.
Então, o que é uma boa escolha? Minha amiga fala - só que ela fala da boca prá fora - que a melhor escolha é aquela que a gente faz. Concordo com ela, o jeito é só esse mesmo, jogar os dados e a sorte está lançada.
Pelo lado espiritual, aprendi uma coisa ouvindo o Professor Hermogenes num programa de TV. Diante de um telefonema desses problema-sem-solução ele foi bem simples. Disse que tinha adotado quatro palavras, que desde então adotei também. Tá, primeiro você vai pensar que é conformismo, mas lê direitinho, dorme com elas e depois me conta:
Entrego - Confio - Aceito - Agradeço.
Pode ter certeza que ainda vamos voltar muito neste tema. Então, boas escolhas prá você, e prá mim.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

PÉ DE PATO MANGALÔ 3 VEZES

Eu fico impressionado como as pessoas têm (teem ou têem) vocação para o mal, não no sentido de serem maldosas - algumas (muitas) são - mas no sentido de sempre esperarem o pior. Eu não ia escrever nada disso hoje, bem em falta por não postar desde domingo, já tinha alguns temas na cabeça. Acontece que um fato logo de manhã me deu o texto pronto.
Hoje é feriado, como todo mundo sabe. Tenho videolocadora, como também quem já leu meu perfil sabe. Então, feriado e videolocadora combinam, desde que a loja esteja aberta, certo?
Neste raciocínio, sai de casa, banho tomado, prá abrir meu buteco, já que tenho esse compromisso. Quem mandou trabalhar com lazer? Já viu restaurante fechar na hora do almoço? Pois é. No caminho, passo na porta da casa da minha mãe, e numa combinação sem combinar, ela sempre está no alpendre. Acho isso ótimo, porque não tenho muito como ir na casa dela, por razões diversas que não são o tema dessa conversa. Sempre com um papinho rápido falamos de livros (não me lembro em minha vida de um único dia em que ela não estivesse lendo algum), dos cachorros dela, de remédios, médicos... Essa parte assunto de toda pessoa idosa. Nem ligo, faz parte mesmo e aí não considero baixo astral, mas o cotidiano que todos nós em algum momento vamos estar inseridos. Como bem disse Tonia Carrero, só existe uma opção contrária a envelhecer. Você sabe qual né?
Divagações a parte, vou finalmente ao ponto. Na hora de ir embora, a santa mãezinha precisava soltar a pérola:
- Cuidado lá na galeria, você vai ficar sozinho, é perigoso, blábláblá...
Não foram bem estas palavras, incluindo aí o blábláblá, mas o sentido taí. Agora eu pergunto, prá que esse assunto? Exatamente igual uma vez que eu estava em Jundiaí num trabalho, ia pegar o vôo em Campinas de volta a BH e o motorista encarregado de me levar só falava de acidentes de avião.
Gente, por que essa fixação no drama? Por que tudo tem que descambar prá esse lado? Me conta, você vai ficar sozinho num lugar, mais nada vai abrir, é hora de falar em assalto? Você está prestes a embarcar num avião, é hora de falar em acidentes??? Tá bom, tá bom, você pode até dizer que é preocupação, é natural e nhamnhamnham. Mas falar disso muda o que?
Sei lá, eu penso justamente o contrário. Acho que a gente pode canalizar energia sempre pro positivo. É, acidentes acontecem, assaltos acontecem e tudo mais. Mas nunca ouvi falar que ficar tocando no assunto impedisse de acontecer. Lógico que temos que nos cercar de cuidados. Até hoje mantenho um velho hábito, que é de caminhar na madrugada em BH. Quase só volto a pé prá casa. Aí sempre tem aquele prá falar do perigo. Ah, entendi, é que se ele não falasse eu não saberia. Ah nem, tenha dó né!
O fato é que cheguei para o trabalho irritado. Escrever aqui foi bom, prá mudar o astral, porque ficar irritado também não leva a lugar nenhum. E quer saber? Vai correr tudo bem, vou atender com alegria meus clientes e proporcionar a eles o lazer que esperam em um feriado. Claro, espero que o meu caixa também agradeça.

domingo, 5 de abril de 2009

DOMINGO DE MANHÃ É SHOW

Zezé Mota é provavelmente a estrela mais simpática que já conheci, ao lado de Ney Matogrosso e Rita Lee. Explico: Não sou amigo desse povo, mas meu primeiro contato com o meio artístico, ainda na adolescencia, se deu pela prática de descobrir o hotel onde estavam hospedados os figurões que vinham dar show em BH, ligar prá eles e na cara dura pedir convites. Bom, estas outras histórias eu conto depois, o nosso caso aqui-agora é Zezé Mota.
Ao lado do Luiz Melodia ela veio no Teatro Francisco Nunes se apresentar numa edição do Projeto Pixinguinha. Nessa fase era assim, dois artistas consagrados praticamente lançavam um novato. A novata era Marina Lima. Deu prá sentir o tempo que tem né?
Pois bem, essa cantora e atriz estava no auge do reinado de estrela. Por incrível que possa parecer, ela recebeu a mim e a minha amiga como se fosse uma vizinha da esquina. Não vou falar de simplicidade nem nada, porque caracterizar alguém como simplezinho é meio barango - eu acho. Não é caso de ser simples ou complicado, o que acontece é que ela é uma pessoa natural. Nada forçado, só que essa mega artista sentava e ficava falando da vida cotidiana com dois pós-adolescentes, que ela nunca tinha visto, como se fosse a coisa mais normal do mundo. E vamo combiná? Quando se tem empatia é normal mesmo, gente é tudo gente no final das contas. Ah tá, e ainda por cima nós assistimos o show to-dos-os-di-as!
Então, essa introdução histórica só prá falar que fui, de novo, nesse projeto sen-sa-ci-o-nal do Sesc, que reune uma vez por mes um artista de fora e um daqui, em pleno Parque Municipal, para uma hora e tanta do mais puro deleite, com música de qualidade no meio de uma galera que tá ali somente babando no show. Sabe SUPER ASTRAL? Pois é, assim que funciona o projeto domingo de manhã.
A dupla da vez não podia ser melhor. Não entendo nada de música, só posso falar do que gosto. E gosto muuuuuuuuiiiiiiiiiiito do Tizumba. Me amarro na voz, nas músicas, no humor. Putz, os tambores, a percussão então, nem se fala. Seguindo o nepotismo lançado pela Tetê Espindola no mesmo projeto, ele também estava acompanhado da filha. Também como a Tetê, nepotismo mais que justificado, porque a moça arrasa no carisma. Tem horas que os olhos da gente não conseguem sair dela com aqueles tambores e a dancinha ritmada.
Daí o Tizumba vira tiete na hora de anunciar a Zezé. Momento de muita emoção, ele e a filha no batuque, lá vem a estrelona, no melhor sentido da palavra, ensaiando uns passinhos afro. Nossaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!! E a voz? Putz, enche o Parque Municipal. Que poder heim filha? Sozinha no palco ela segura legal, mas sei lá, acho que o Tizumba agita demais e ela vem mais morninha. Bom, mas falar mau não vou que sou fã! :-)
Ahhhhhhhh, cabou e ela vai saindo... Que isso, aí a coisa esquenta, porque voltam os três. Nessa hora corro prá frente do palco e tento fotografar. É, tento, porque não posso dizer que fotografei mostrando essa foto que você tá vendo aí né? Ichhhh, que animação, o povo canta junto, dança, uma farra. Ow, simplesmente a-do-rei! Volto sim, mes que vem tem mais e tô agarrado. Hum tá, teve isso também. Andando pelo parque dou de testa com o Pedrinho Alves. Avemaria, quem é ele? Simplesmente ele é "o cara" que conduz toda a elegância desse projeto. Sesc, Pedrinho, olha só, valeu demais!
Aqui, em maio tem de novo, vê se não perde heim?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

TERCEIRIZAÇÃO DA CRISE

Sabe aquela prima super gente boa? Aquela que é a alegria da festa, é inteligente, tem resposta prá tudo? Pois é, mas mesmo assim ela não dá conta de se virar sozinha, aí depende dos primos mais abastados prá manter a sua despensa mais ou menos cheia e seu aluguel.
Essa prima é a cultura, que desde sempre dependeu dos primos industria, comércio, serviço e estado prá sobreviver e tocar a vida em frente. Bom, um dia começa a faltar o pão na casa dos primos ricos. Dá prá imaginar o que que vai rolar com a priminha né?
Então, a crise chegou de carona na cultura. Carona? Por que? Uai, porque na verdade a crise não afeta o setor no seu resultado de produção, na receita que vem do seu trabalho. Você pensa que um show vive de ingressos? Que uma revista vive de assinatura e venda em banca? Teatro então, nem é bom falar, já que tirando os medalhões com a carinha na TV ninguém anda fazendo meia casa. Coloca aí no bolo os meios de comunicação, informação, entretenimento... Todo mundo depende de patrocínio.
Ah tá, você pensa que tô falando do grupo de teatro daí do lado da sua casa né? Não meu filho, a Rede Globo depende de patrocínio. Quem você acha que paga o salário do Tarcísio Meira? São as lojas de eletrodomésticos, as concessionárias de automóveis, as fábricas de refrigerante. É, ram-ram, isso mesmo, anunciante e patrocinador é basicamente a mesma coisa. Ah, e nem vem falar de Ivete Sangalo, porque sem as companhias telefonicas ou as fábricas de cerveja ninguém ia bancar o cachêzinho da moça não.
Sustentabilidade. Essa palavrinha tão na moda dificilmente algum dia vai se aplicar na atividade cultural. Tá certo, muuuuuiiiiiiitos setores recebem subsídio, aqui e no resto do mundo. De agricultura a montagem de carro. Só que independente disso, vivem é da venda do saco de arroz, do carrinho de 20 mil reais. A prima cultura, mesmo com subsídio, nao vive da venda do que produz. Gente, não adianta jogar pedra, isso é um fato, de onde se pinçam raras exceções, e mesmo assim exceções que vivem de momentos. É, porque quem se sustenta hoje com um espetáculo não quer dizer que vai continuar se sustentando amanhã. Nesse parque de diversões, a vida do produtor cultural tá mais prá montanha russa mesmo.
No meio desse angu de crise, aparece a novidade de extinção da Lei Rouanet, a mais antiga Lei de Incentivo a Cultura do país, que pretende virar outra coisa. Sobre isso quero escrever com calma, porque preciso primeiro entender melhor e não falar ainda mais besteira do que as vezes falo nesse blog. As mudanças foram colocadas para consulta pública, a partir do dia 23 de março, com prazo de 45 dias. Se você quiser dar uma olhada também, vou deixar o link. É, eu já tinha recebido e perdi, daí que fiquei um tempão pesquisando aqui pra achar de novo. Facilito sua vida: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consulta_publica/programa_fomento.htm.
Desculpa o sumiço, mas depois que resolvi não escrever mais todo dia acabei enrolando, só prá variar... :-)