sexta-feira, 29 de outubro de 2010

NÃO VOTAR É VOTAR

Este post vem com o objetivo de desagarrar o blog. Pois é, muito tempo sem postar, e sinto que  foi pelo incomodo de ter ficado preso nessa onda política em função das eleições. Depois de hoje espero dar um refresco do assunto e assim, quem sabe, ter maior empenho para escrever.
Então, dando sequencia às postagens anteriores, muita água passou por baixo da ponte. O segundo turno não foi lá essas coisas, ninguém apresentou nada de concreto, choveram denuncias e escandalos e as posições cristalizadas trataram de cegar a turma. O que falam do meu candidato é boato, mentira, complô e o que falam do outro é verdade verdadeira. E vice versa. Enfim, ninguém convence ninguém. Sei que no final das contas um dos dois vai ter que ganhar, só gostaria que houvesse a consciência de ter ganho com voto crítico, e não recebendo um cheque assinado em branco.
Naquele lance lá de casamento gay, lei de homofobia e parará, os dois candidatos conseguiram se igualar. Ambos firmaram os mesmos compromissos com grupos religiosos retrogrados, pisoteando histórias partidárias e pessoais em função de uns votinhos. Obvio que este não pode ser o único aspecto a ser pensado na hora de votar, porém dá o tom do que foi (tem sido, ainda não acabou) a campanha em geral. O discurso se adequa à platéia, e vamo que vamo.
Sobre o título do post, quando digo que não votar significa votar, falo simplesmente porque acho que existem três opções, bastando a gente incluir "nenhuma das anteriores". Muita gente critica o voto nulo, eu não só já critiquei como até fiz um espetáculo que abordava o tema, uma peça de encomenda de ex-estatal depois privatizada que falava de cidadania para os jovens. Na sequência do impeachment do Collor tinha até cena com os cara pintadas. Sabe né, aquele pessoal que acha que derrubou um presidente. O tempo passa, a política nos dá lições espiritualizadas do perdão e esse hoje é um dos companheiros do companheiro presidente. Ah, quem lembra da campanha de 89 sabe muito bem o grau de altruísmo contido nesse perdão. Políticos são bem legais né?
Uma pessoa me falou: Voto branco ou nulo, eu nem dormiria. Meu voto é sagrado, e vale ouro. Concordo, e mesmo que não fosse obrigatório votar, eu votaria. Mas digo o seguinte, o voto nulo vale o mesmo ouro, porque representa a sua escolha, e a escolha que a gente faz, essa sim, é de ouro. Não dá pra na hora de escolher, optar pelo menos pior, o voto de ouro é pra ser usado com o melhor, e pronto.
Enfim, nada disso quer dizer que no domingo anularei o meu voto, afinal todo mundo sabe que o voto é secreto né?  ;-) 

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

DIGA SIM PRA MIM

Pois é, de novo o casamento gay. Acho essa história uma das coisas mais sem sentido da face da terra. Uai, a quem mais pode interessar um casamento senão a quem está casando? Realmente não dá pra entender no que o estado civil de duas pessoas interfere na vida das outras. Ah, você não acha certo home com home nem mulhé com mulhé? O problema é seu, e o direito também é seu. Não ache, mas também não encha o saco, só isso.
Fato é que virou tema de campanha eleitoral, essa que tá rolando, pra eleger o mais carola, candidatos a coroinha e filha de maria. Ahn? É eleição pra Presidente da República? Nossa, desculpa a mancada, mas é que não tá parecendo.
Bom, José Serra declara que é a favor dos direitos civis, mas que casamento é com as igrejas. Sei lá, mas eu penso que deve ser isso mesmo que todo mundo quer quando fala de casamento gay. Não acho que são muitos os que defendem o direito de entrar na Igreja ao som da marcha nupcial não. Daí rola que Dilma vai assinar uma carta lá pros evangélicos de compromisso contra casamento gay e aborto. Já viu isso? Colocar aborto e casamento gay no mesmo balaio? Faz favor né... Por enquanto é bo-a-to. Vamos ver se essa carta aparece mesmo, e aí conhecer o que de fato a madame assinou.
Engraçado que o Estado é laico e que Marina Silva, a única candidata realmente comprometida declarada e assumida com questões de fé, não misturou as coisas. Depois dela que virou essa guerra santa mais maluca. Enfim, coerência não é pra qualquer um mesmo não né?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

AMIGAS DO PEITO

Hmmm... Primeiro vamos supor que você é mulher. Tá, se você é mulher mesmo, não precisa nem supor. Agora vamos pensar que você, por mérito ou relacionamento, arrumou uma boca num serviço público. Gente boa demais, você engatou uma amiga lá também.
Passou um tempinho, você sempre proativa, já está noutro lugar. Um lugar melhor. Como é bem difícil gente em quem confiar, você pegou aquela sua amiga e levou junto. E assim foram as duas, degrau em degrau, passo a passo, amigas de fé, irmãs, camaradas.
De repente, do nada, você se vê lançada num patamar inimaginável pela sua história de vida burocrática. Amigona como sempre foi, dessa vez você não coloca a sua coleguinha um passo atrás de você não. Num gesto de pura fraternidade, você simplesmente coloca a tal exatamente no seu lugar, que acabou de vagar. Pois é, história emocionante que faz a gente acreditar nas relações humanas né não?
Bom, mas não acabou aqui. De repente, do nada de novo, começam a estourar atividades escusas daquela que foi sua parceira de trabalho, e afeto, durante longos anos. Parentalha, amigos de parentalha, amigos de amigos, uma corrente que mata a gente (quem tem medo sai da frente) de um povo muito esfomeado, que foi metendo a mão onde dava, catando centavo por centavo do dinheiro público que estivesse ao seu alcance.
Pergunta 1: É possível que você não soubesse de nada disso? Ram-ram, possível é sim, afinal, tudo é possível.
Pergunta 2: É provável que você soubesse de tudo? É... bastante provável né?
Historinha hipotética, só pra gente brincar um pouco aqui.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

BENT É NECESSÁRIO - II

"Bent" está de volta nesse final de semana. São só três apresentações, hoje e amanhã às 20h e no domingo às 19h, no Teatro Alterosa. Você que é de BH sabe bem onde é, e é bem central, facinho de ir. Você que não é de BH acabou de saber que é um teatro fácil de ir, então já tem uma boa programação no seu passeio na nossa cidade tão bacana. Tá adorando não tá? Pode falar. :-)
Bom, já postei sobre o espetáculo aqui na época da estréia, e agora tô falando de novo, porque além de gostar da montagem acho que o tema é super oportuno, principalmente em época de eleição. Não vou te dar o trabalho de caçar aqui no blog. Vou reproduzir abaixo, apenas com algumas atualizações:

Vou muito ao teatro, por lazer e dever. Atualmente mais por lazer, já que o dever está meio no subjetivo, aquele caso que a gente vai porque é do meio, mas não com tanta obrigação quanto, por exemplo, quando é jurado de prêmio.
Nessas andanças culturais dei com os costados no Teatro Kléber Junqueira, espaço diferenciado que é um caso à parte em BH, geograficamente até meio fora do circuito. Talvez futuramente seja tema de comentário em um outro post aqui no blog. Só prá adiantar, gosto muito da proposta toda da casa.
Fui lá porque queria ver "Bent". Tinha muuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiitos anos que queria ver uma montagem dessa peça, que em alguns rasgos de entusiasmo cheguei a pensar em produzir. Mas, como na piada, sou assim. Se tenho vontade de trampar pesado, fico quietinho que aí a vontade passa.
Este texto, sucesso nos EUA e em filme, foi um dos maiores, senão o maior trunfo do diretor paulista Roberto Vignati, com quem tive a oportunidade de trabalhar em duas ocasiões. Com seu sotaque característico, Vignati falava toda hora de "Bent", sempre com orgulho e bem feliz dos resultados financeiros. Outros tempos caro Vignati...
Bom, muita enrolação prá chegar na história. Um homossexual, preso num campo de concentração nazista, desenvolve uma paixão/amor por um judeu. Este também homo, mas dentro do armário. Pois é, em campo de concentração valia mais a pena ser judeu que gay. Prá quem não conhece este lado da história, os gays, que nem eram "gays" naquela época, foram tão perseguidos pelo regime de Hitler quanto os judeus. Talvez até mais, por serem considerados os últimos na cadeia evolutiva dentro de tão brilhante ideologia. Em vez de estrela amarela no uniforme, triângulo rosa. Bonitinho né?
Kléber Junqueira (é, o nome do ator é o mesmo do teatro) e sua trupe desenvolvem o espetáculo com emoção pouco vista nos palcos atuais. Com um elenco de apoio afinado, ele e Vinicius di Castro (respectivamente o judeu gay no armário e o assumidíssimo com triangulo rosa na camisa), envolvem a platéia no jogo de sedução, e depois amor, em performances memoráveis, carregadas de verdade.
Na cena mais badalada da peça, eles transam sem se tocarem, uma vez que o contato físico era proibido e vigiado. É um momento muito legal, com boa pegada de erotismo. Não deixa de ser engraçado ver senhoras sentadinhas ouvindo os caras dizerem pau, e o que fazer com ele, até atingirem o orgasmo. É curioso observar, mas aqui, não tem nada de chulo viu, na verdade tudo soa muito poético. Fato é que, o que em outros tempos foi algo criativo e surpreendente, naturalmente hoje ganha novos contornos. Isso porque na época transar era no pega prá capar mesmo né, e hoje muuuiiita gente faz sexo sem se tocar. Alguns inclusive SÓ fazem assim. Os orfãos do 145 e usuários de chats de sacanagem de internet sabem bem o que eu tô dizendo. Agora, de forma alguma isso desqualifica ou enfraquece este momento, que com certeza é um dos pontos altos do espetáculo. Confesso que fiquei até um pouquinho sem graça de lembrar disso durante a peça, me senti meio fútil diante de tanta carga dramática. Mas fazer o que, pensei uai...
Enfim, "Bent" é necessário. Não fosse pela belíssima produção, esmerada não somente no que diz respeito ao elenco, mas também em todo o entorno de cenários, figurinos, iluminação e trilha sonora, valeria pela bandeira que levanta. Ééééé gente, precisa levantar bandeira sim. Em um tempo onde cada vez mais se procura tapar o sol com a peneira, precisa ser dito que iguais são tratados como diferentes.
Não adianta a Revista Veja estampar em matéria de capa que não existe preconceito e que jovens convivem bem socialmente com a homossexualidade. Não adianta a Rede Globo fazer materinha com pais e mães que "aceitam" a "condição" de seus filhos. Tá certo, pelo menos hoje uns põe a cara prá bater, e em circulação de mídia nacional. Mas isso, de forma alguma, reflete a realidade. Tentativas descaradas de esvaziar a militância, justamente diante de possibilidades concretas de conquistas, precisam do contraponto de obras como "Bent".
É datada? Ram-ram, lê jornal. Existe país implantando até pena de morte para quem tem como crime somente o fato de amar, ou no português rasgado, TER TESÃO por alguém do mesmo sexo. E aqui, no mesmo Brasil das materinhas cor de rosa, jornalzinho fuleiro e anonimo de universitários manda jogar bosta em gays no campus. Aí vem a Veja com pesquisa feita sei lá com quem dizer que os mais novinhos nâo vêm em sua sexualidade motivos de luta, mas sim algo natural. Uai, isso aí todo mundo sabe, só falta combinar com os homofóbicos. É bem hilário ver pessoas candidatas ao troféu cabeça boa por terem amigos gays dizerem que tudo bem, mas seja discreto. Tomá no sul né não? Discreto por que, se não tem nada demais?
Aff, quebra de promessa de posts curtos. Terminando este quase seminário, fica a dica-recomendação-indicação-intimação. Se você ainda não viu "Bent", não perca mais tempo. A partir daqui o post fica atualizado, com as informações de local e horário lá do principinho.
Pois é, vai lá.


domingo, 3 de outubro de 2010

OBA! AINDA TEM MAIS!

, não foi beeeeemmm o segundo turno que o blog aqui vinha correndo atrás né, mas só de ter já tá de bom tamanho.
Acho que o recado das urnas foi super importante, mostrando que o Brasil não tem dono e que o eleitor brasileiro não pode mais ser tão subestimado. A estratégia do plebiscito foi por água abaixo, o maniqueísmo de bonzinhos contra mauzinhos não colou e a campanha infantilóide agora vai TER que chegar ao fim. Ninguém foi as urnas pra eleger uma mãe ou um pai.
De agora até o final do mês esse povo vai TER que fazer uma campanha séria, com propostas, cartas na mesa e transparência.
Marina foi fun-da-men-tal nessa mexida. A sua participação colocou o processo nos trilhos e abriu os olhos de muita gente.
Enquanto isso, ummilhãotrezentosequarentamilvotos. Tiririca levando muita gente com ele pra Camara dos Deputados. Pois é, nem tudo pode ser perfeito.

VOTAR É BOM

Fui, votei e voltei :-)
não digo em quem, porque, você sabe, o voto é secreto.
Hoje me falaram - "quando eu fizer 70 anos não voto mais". Eu não, acho que enquanto tiver jeito, físico e institucional, vou continuar adorando este dia e esta época. Adoro o período de eleições. O noticiário, os debates, programa na TV (devo ser o único que gosta), até mesmo as discordâncias. Embora muitas vezes algumas posições me irritem e algumas mentiras firam os ouvidos, a diversidade me parece sempre mais saudável do que os silêncios impostos.
Uma coisa que não entendo e uma que não concordo.
Não entendo: Por que votamos em dois senadores? Ainda não vi nenhuma explicação convincente. Na verdade, nenhuma explicação. Ponto.
Não concordo, e não concordo de jeito nenhum: Quem se elegeu há dois anos, seja pra que cargo for, não deveria poder se candidatar sem cumprir seu mandado. Foda isso, o cara candidata a vereador, ganha, e dois anos depois tá candidatando a deputado. Sem contar prefeito querendo virar governador e o escambáu. Pior, não abrem mão de seus mandatos. Só tiram uma licença. Não deu certo, voltam pro cargo. Que isso? No mínimo teriam que correr algum risco né não? Absurdo dos absurdos.
Uma conclusão: Título de eleitor é um documento que não existe, uma vez que não serve pra nada. Sei disso desde que comecei a votar. Esse ano, inaugurei o meu, aquele que fui forçado a tirar. Levei, claro, agora que tenho...
Bom, agora é aguardar a apuração e preparar pro segundo turno. Pelo jeito parece que vai ter mesmo viu.

sábado, 2 de outubro de 2010

RESOLVENDO O DEFICIT HABITACIONAL

Revista Veja - Seção Panorama - Veja Essa:

"Desce do muro minha filha! O cristão tem que dizer a que veio, senão boto chumbo na hora."
(Frase do Pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembléia de Deus Vitória em Cristo, retirando o apoio a Marina Silva por ser dúbia em relação ao aborto e à liberação da maconha.)

Sinceramente? Fiquei com dó da Marina perder esse apoio. O moço tem a solução pronta pra resolver o problemas da habitação no Brasil, ia ser uma contribuição e tanto. Mas não tem nada não, ele dá a fórmula nesse vídeo. Olha só como as soluções estão na cara da gente e às vezes passam batido:



E então, já foi lá na "sede ou filiais" levar seu envelopinho?