sábado, 15 de outubro de 2011

DELITINHOS E DELITÕES

Se você já é leitor do blog há mais tempo, e é dessas pessoas de memória boa, vai achar o título repetido. Se é leitor recente, vai achar também esse início repetido - de novo. 
Justificando: Como o Beagá Que Eu Vejo já está caminhando no seu quarto ano, é natural que tenha feito novos leitores durante o trajeto. Aí resolvi dar um up em posts antigos, porque me parece óbvio que quem começa a ler o blog não vai recorrer aos arquivos e muito menos ir rolando as páginas de quase quatro anos. Só que tem alguns posts que eu gosto mais e, ainda por cima, são atemporais, então queria que os novatos lessem. O que tem se revelado mais estranho pra mim é que, muitos destes posts que deveriam ser atemporais, ainda podem ser considerados bem atuais. Como este aqui, que estou "upando" agora, de março de 2009. Poderia ter sido escrito hoje, ou num desses dias pra trás, no calor das discussões sobre as Marchas Contra a Corrupção.

Minha irmã hoje me contou um caso interessante. Ela estava no supermercado fazendo compras e queria levar laranjas. Prá você entender melhor, preciso explicar como é a composição dos preços na banca das frutas dessa loja:
Laranja 1 e laranja 2. A laranja 1 é vendida por quilo e é mais barata. Já a laranja 2 é empacotada e mais cara. Dá prá imaginar qual é a mais bonitinha e provavelmente melhor né? Então, até aí ninguém tá lesando ninguém, você escolhe o que quer de acordo com o que pretende pagar.
Deu que a laranja 1 não tava lá essas coisas. Nesse momento tinham tres pessoas na banca, minha irmã, um homem e uma dona.
A minha irmã falou:
- Ah, acho que vou levar a laranja do pacote, essa outra tá muito ruim...
O homem falou:
- É, tá compensando mais levar essa, mesmo que seja um pouco mais cara...
A dona, que poderemos chamar de Sra. Espertinha disse:
- Que isso, sempre que é assim eu abro o pacote e levo a laranja prá pesar, como se fosse a outra...
Sentiu o drama? Apostar não vou que não sou doido, mas garanto 99% de chance dela se indignar diante das notícias de corrupção da quadrilha que manda no país. Aposto, aí já posso apostar, que ela tem medo de pivete e muuuuiiito provavelmente ela muda de calçada quando vem de frente com um morador de rua.
Me conta, essa dona não é uma pivetona? Essa dona dentro de um Congresso não ia deitar e rolar? E é ó-be-ve-o que entre ela e o morador de rua a diferença é o endereço, quando muito, porque o fato de morar na rua não faz dele um ladrão de laranjas, atividade na qual ela comprova grande competência.
Tenho trocentos outros casos semelhantes, e você com certeza também tem. Claro, é gente furando fila, comprando trem roubado, ficando com troco errado, levando roupa prá experimentar em casa e devolvendo depois de usar na festa, comprando DVD pirata, enfiando pipoca na bolsa prá comer dentro do teatro... Ops, comecei a advogar em causa própria :-)
Não existem tamanhos de delitos e, infelizmente, prá maioria o que conta é simplesmente de que lado do balcão está. Não sei se falo o brasileiro ou o ser humano, mas é fato que as pessoas querem fazer passeata pela paz de manhã e subir o morro do macaco molhado de noite.
Não dá ne?

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PEDOFILIA E CAÇA ÀS BRUXAS

Se você já é leitor do blog há mais tempo, e é dessas pessoas de memória boa, vai achar o título repetido. Se é leitor recente, vai achar também esse início repetido. Tá certo, é mesmo, mas não só o título (e o início). Justificando de novo: Como o Beagá Que Eu Vejo já está caminhando no seu quarto ano, é natural que tenha feito novos leitores durante o trajeto. Aí resolvi dar um up em posts antigos. A justificativa é simples: Óbvio que quem começa a ler o blog não vai recorrer aos arquivos e muito menos ir rolando as páginas de quase quatro anos. Só que tem alguns posts que eu gosto mais e, ainda por cima, são atemporais, então queria que os novatos lessem. Pra facilitar, de vez em quando vou subir algum. Infelizmente alguns que não deveriam ser atemporais, ainda são. Este aqui é um exemplo (triste) disso.

Com o assunto na ordem do dia, não teria como iniciar este post sem dizer que tenho NOJO de pedofilia. Se fosse fazer um Top Five dos crimes que considero hediondos, com certeza este ocuparia destaque com louvor, junto com esse povo que maltrata velho. Sabe, aquelas imagens que a gente vê de pessoas que deveriam estar cuidando de idosos, mas que em vez disso estão batendo neles? Pois é, acontece que, por mais que algumas coisas nos irritem e nos dêm (ou deem, ou dêem) vontade de fazer justiça com as próprias mãos, é preciso ter cuidado. Velhos talvez virão depois, o caso aqui-agora é pedofilia.
Todo dia tem reportagem sobre isso. Confesso que fico mais nas manchetes dos jornais e nas capas das revistas, não aprofundo a leitura. Bom, vendo aqui e ali, tá rolando a ideia de diminuir os procedimentos para definir as culpas, com a alegação que o processo abre a cada momento novas feridas nas vítimas. Ram-ram, tudo muito bom, tudo muito certo, mas que tal pensar na possibilidade de, na pressa, serem criadas novas vítimas? Sim, vítimas de injustiças, vítmas da maldade, vítimas de vinganças, vítimas de quem não mede consequências do que faz.
Conheço casos de abusos sexuais. Não, não é só de ler não, quando falo "conheço" é no sentido literal. No meu círculo de amigos próximos tenho dois adultos que foram abusados na infância. Sei das sequelas que as vítimas carregam para o resto de suas vidas.
Agora, conheço também, e convivo, com muitos adolescentes e crianças. Olha, eu já vi, ninguém me contou não, eu mesmo já vi e ouvi menino de nem 10 anos ameaçando pai e mãe com Conselho Tutelar, só por ter sido chamado a atenção. Não tô falando de agressão nem nada heim, só chamar a atenção. Cri-an-ça! Agora pega aí um adolescente de 15 anos, pendurado em uma matéria, perigando tomar bomba... Ahnnnn? Não seria o momento de levantar uma lebre contra o professor? Tá, a bomba já rolou, os pais cortaram a internet e o cinema por um mês. Vingaaançaaa! pode ser o grito de guerra.
Sabe também aquele vizinho esquisitão? O que não devolve a bola que cai no seu quintal? Opa! Que tal inventar uma historinha? Assim ele aprende!
Pôxa, que cara exagerado... Será que estou exagerando? Gente, vamo combiná, valores morais e éticos não são os que estão mais em alta na molecada de hoje né?
Então, prá quem não lembra, um pouco de história:
Escola de Base, São Paulo, 1994. Os donos do colégio, assim como alguns colaboradores, foram acusados de promover orgias com as crianças. Queeeee???? Pega, pega!
Assim a opinião pública caiu de pau, a imprensa armou um grande circo e a justiça ajudou. Na sequencia a escola foi depredada e a vida dos acusados destruída. Há quem diga até mesmo que foram torturados em interrogatórios. Éééééé, aí junto vieram as ameaças de morte, o linchamento moral sem dó nem piedade e o isolamento implicando em fobias, traumas, miséria financeira e social.
Ufa! Daí o que que deu? Os caras e as caras eram i-no-cen-tes! Isso mesmo, a história toda tinha sido in-ven-ta-da! Então, depois de todo o estrago feito o povo foi indenizado e com certeza, como a justiça é muuuuuuiiiiiito rápida, ainda devem ter um monte de ações rolando.
Como eu disse, tenho nojo de pedofilia, mas é preciso ter cuidado nos julgamentos apressados. Acho também impressionante como alguém pode ter atração por um corpo infantil. Por mais que seja execrável este comportamento, creio que é meio difícil dissociá-lo de uma doença.
Enfim, doente ou não, ninguém tem o direito de marcar a vida do outro. Quer ter um fetiche? Toma uma surra de chicote do seu parceiro(a) mascarado(a). Pelo menos as marcas serão só nas suas costas.