sexta-feira, 30 de abril de 2010

SIMPLEZINHO E LIMPINHO

Meu amigo foi no aniversário do neto de um colega lá do serviço dele. Disse que a galera toda compareceu, porque o cara é muito querido. Aí falou que tinha sido em Esmeraldas. Prá quem é de BH, tá fácil localizar, prá quem não é, dou a dica. É uma cidadezinha agarrada aqui, tipo esses interiores que quase chegam a ser um bairro, de tão perto. Engraçado que na hora fiz uma associação que tinha sido num sítio. Liguei Esmeraldas+colega de serviço que tem neto+trabalha em TV=festão em sítio.
Nada disso. Meu amigo falou que o moço MORA em Esmeraldas, cidade mesmo, não casa de campo. É um colega não muito jovem, claro, tem neto, mas não exatamente um colega estribado. É do pessoal mais simples do trampo. Emendando logo o assunto falou que o sujeito pega serviço 7 da manhã e sai 7 da noite, que anda até uma BR prá pegar onibus, depois pega outro e assim é, ida e volta todo dia. Não satisfeito falou que o vovô é uma das pessoas mais felizes que ele conhece, sempre de cara boa, que prá ele não tem tempo ruim.
Ficou emocionado?
Eu não.
Pensei uma coisa. A satisfação muitas vezes é inversamente proporcional ao potencial de oportunidades. Quanto menos chances de mudança a pessoa tem, mais satisfeita ela é onde tá. Mas não é? Vê bem, se esse homem tivesse dentro dele um projeto não realizado, a sensação de desperdício de talento, a impressão de estar no lugar errado ou a crença de poder mais, ia achar boa essa vidinha meio de cão que leva? Sei lá, eu acho que não. Então não vejo muito mérito nessa aparente simplicidade que quem tem mais enxerga em quem tem menos. Não gosto dessa idéia romantica de que pessoas pobres são melhores que as pessoas ricas, só porque elas são alegrinhas e conformadas.
Meu amigo ainda comentou: Gente que tem muito mais fica aí, com uma cara que só de olhar dá vontade de sair correndo. Tá, não gosto do povo emburrado, nervozinho e nem de cara fechada. Mas entendo. Entendo que a pessoa, mesmo que não saia de madrugada pro trabalho e volte de noitão, pode querer coisa melhor, e ficar insatisfeita entrando às 10h e saindo às 17h.
Meu amigo (não esse, outro, que nessa época nem conhecia esse do caso) há muitos anos me falou uma frase ouvida/lida não sei onde. "Quem sabe menos, dorme melhor". Fato.
Por fim, sabe do que não gosto mesmo? Liçãozinha de moral. Tudo bem que alguém seja feliz numa existência miserável, mas não queira também dizer que isso é um valor, algo que torna um ser humano melhor que o outro. Reproduzir esse discurso me parece meio que fazer o jogo de perpetuação de poder.
Ai ai, tudo isso por causa de uma festinha infantil que eu nem fui...

A foto aí é de Esmeraldas. Google, claro.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

AMIGO DE FÉ, IRMÃO, CAMARADA

Tenho dois amigos que sempre que encontro falam uma frase. Ela, a amiga fala assim "Tô com sede". Ele fala "Tô muito estressado". Já eu falo "Tô atrasado". 
É, sempre estou mesmo, não que eu tenha taaaanta coisa prá fazer, mas é que deixo prá última hora. Tipo assim, se tenho que ir num lugar no centro às duas horas, se cinco prás duas ainda tô dentro de casa, não penso que já me atrasei, porque ainda não são duas horas... Raciocínio meio maluco né? Até tento dar uma consertada e pelo menos deixar os outros esperando quase não deixo não.
Então, parando de divagar um pouco, teve um dia que encontramos os três ao mesmo tempo e chegamos a conclusão que cada um tinha uma frase. Claro, acho a dela a mais engraçada, porque é meio nada a ver.
Daí outro dia estava conversando com o estressadinho, sem nenhuma ironia aqui, porque é um dos meus melhores parceiros, de quase uns 30 anos, e ele falou:
Eu não queria ter um milhão de amigos!
Olha só, que estado de nervo da pessoa.
Gente, na mesma hora, do nada, me veio uma coisa na cabeça, que eu nunca tinha pensado. Expontâneo sabe, e eu morri de rir, porque tenho esse defeito, rio das minhas próprias piadas. Falei com ele assim:
Pois eu queria ter um milhão de amigos, porque se cada amigo me desse um real, eu ia ter um milhão de reais.
Piadinha tá, não precisa se preocupar porque não saio pedindo dinheiro não.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

FALA QUE EU TE ESCUTO

Olha a cena, que surreal. Chego hoje na galeria onde tenho loja, e uma mulher me aborda na porta:
- Você vai abrir hoje?
- Vou, abro segundas, quartas e sextas, de 13h às 20h.
Gosto de dar a informação completa e não só responder ram-ram.
- Ah, mas eu vim aqui sábado, estava fechado.
- É, porque abre só segundas, quartas e sextas... (Lembra que eu já tinha falado isso né? Não falei sábado).
- Hoje então você vai abrir?
Não sei bem se fui mal educado, mas a essas alturas, já devolvi com outra pegunta:
- Que dia é hoje?
Diante da mulher atrapalhada, acho que tentando descobrir que dia era, ou talvez pensando na morte da bezerra, já que ela não ouvia nada que eu dizia prá ela, completei antes da resposta:
- Hoje é segunda, segunda abro de 13h às 20h.
- Mas hoje você vai ficar aí até de noite?
Gente, verdade verdadeira, aconteceu assim mesmo...

domingo, 25 de abril de 2010

MAIS DE MIL PALAVRAS E QUANTAS HORAS DE ESTUDIO?

viu isso? O título do post é praticamente o post inteiro.
Meio atrasadinho, venho com a capa da Veja da semana passada. A idéia estava na cabeça logo que bati o olho, mas lembra? Procrastinação e blabláblá...
Então, é comum dizer que uma foto vale mais que mil palavras. Mas quantas horas de estúdio serão necessárias para conseguir fotografar o José Serra com cara de fofo?
Nossa, deve ter sido uma trabalheira viu.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

JOGO DO BICHO

Não dou a mínima pra futebol. Tem gente que querendo perdão por esse pecado fala que só segue jogo da Seleção. Eu não, cometo o pecado inteiro, nem Copa do Mundo assisto. É, mas por outro lado, falou que tem polêmica, tô dentro. E foi assim que o futebol chegou aqui no blog.

Ontem teve um jogo, Palmeiras e Atlético-PR. Ali prás tantas, um jogador deu uma cabeçada no outro, que logo emendou com um cuspe na cara do agressor, chamando-o de "macaco do carvalho." Deu o maior bololô. Resultado, o jogador do cuspe e xingamento foi parar na delegacia, denunciado pelo outro. Hoje tá aí, pra todo lado, pedindo desculpas e parará-parará. O caso pode dar até prisão. Tá certo uai, racismo é crime, e se tem lei pra isso, é pra usar né?

Eu por mim acho que foi uma grande duma bobeira desse que agora fica aí, choramingando desculpas. Escolhesse melhor o bicho ué. Se em vez de macaco tivesse soltado "viado do carvalho" não pegava nada.

De repente até ganhava um reality show, sei lá...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

TEMPOS MODERNOS - EDUCAÇÃO MODERNA

Olha só, quando você anda na rua e vê um conhecido, não é natural cumprimentar? Minha amiga uma vez até falou que eu fingia conhecer pessoas, de tanto que cumprimentava quando a gente tava andando junto.
, tudo bem, não tô falando de parar de um em um, mas não rola sempre um tinino, uma balançadinha de cabeça, um sorrisinho? Quando tá na calçada, do outro lado, vale até um tchau né não? Difícil você passar batido por um conhecido, nem precisa ser amigo, amiiiigo não. Quando isso acontece, muitas vezes porque a gente nâo vê a pessoa, tá distraído e tal, a cobrança chega logo. Ninguém quer ser ignorado e um simples "não te vi, tava sem óculos" pode causar uma polêmica sem tamanho.
Ahn. Mas por que na Internet isso é diferente?
Quase todo mundo tem msn não tem? E ali a pessoa vai adicionar quem ela quiser, tipo, ninguém invade. Tá, tem uns que são coisa de momento, uma pegação de leve, mas a maioria costuma ser de roda conhecida mesmo. Aí você entra no msn, tem um monte daqueles contatos on line, e todo mundo te ignora... Mas não é? Ninguém balança a cabeça e fala um oi. Ninguém te faz um tinino.
Quando o cara ainda é novo de casa (casa msn) costuma sair chamando. Com o tempo, pouco tempo, ele percebe que não deve fazer isso. Daí para, e vira mais um que solenemente ignora aqueles que ele escolheu - es-co-lheu - para estar na lista.
É, faço isso também. Sem querer me justificar, digo com sinceridade que é porque um dia eu fui esse cara aí, que achava legal dar um alô. Com o tempo, aprendi que em vez de legal, eu tava sendo inconveniente.
Bom, parei né...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

FAMOSÕES

Muita gente mais velha fala do tempo que carteirinha de atriz era a mesma que carteirinha de puta. Dercy Gonçalves contava isso em dez de dez entrevistas. O povo tinha horror de ter artista na família. Hoje em dia, tudo mudou.
Mas por que, mudou a profissão?
Não, na verdade os pais, sobretudo as mães, não querem que os filhos sejam artistas*, querem que sejam famosos.
Adultos também querem ser famosos. Mais engraçado, ter a fama como profissão, se é que isso é possível. Aparentemente este é o único motivo que leva médicos, dentistas, professores com doutorado e outros a limar profissões que consumiram anos de estudos e muita grana investida na formação em troca de mostrar a bunda e armar barraco na TV.
Meio óbvio né, você pode ser um pusta dentista do carvalho que nenhuma revistinha vai estampar nas bancas quantas obturações você fez naquela semana. Praticamente todo mundo na hora de escolher uma manchete corre atrás do dia a dia das ditas celebridades. Coisas fundamentais como saber onde fulano jantou e o que quem cicrano anda comendo. Pau a pau só mesmo notícia de crime e tragédia.
bom, leio notícias de celebridades sim, até ao de-li-ci-o-so BBB andei sucumbindo. Mas de verdade, gosto mais quando tem humor e crítica, como no blog Te Dou Um Dado.
O que fico meio pensando nisso tudo é como seria o mundo se cada um conseguisse viver esse sonho. Ia ser bem estranho ninguém ter onde morar porque possíveis engenheiros estariam de sunga malhando na frente de cameras de televisão, que sabe deus quem teria fabricado, já que operários estariam dançando na boquinha da garrafa.
Mundo bizarro esse.

* Antes de rolem maus entendidos, registro aqui que artista é profissão sim tá? Seja com formação ou autodidata é uma função importante e primordial na sociedade. Inclusive, sou artista. :-)

O videozinho é de um filme que eu adoro, "Party Monster". Dinheiro, sucesso, fama e glamour!

domingo, 4 de abril de 2010

BRASILEIROS DA GEMA

Essa semana tem estréia de série nova, na Warner. "V", abreviatura de "Visitantes", é um remake de outra produção de mesmo nome, exibida nos anos 80. Mesmo fã de séries não lembro de já ter assistido. Bom, então o tema aqui é série? Não exatamente.
Olha só, uma coisa que estão bombardeando em torno do programa é que o principal papel feminino ficou com uma atriz brasileira. Tá bom, Morena Baccarin nasceu no Rio de Janeiro e é filha de brasileiros até mais ou menos conhecidos, a mãe atriz e o pai jornalista. Maaasss, desde os 10 anos a moça mora nos EUA, e toda, to-da sua carreira artística foi feita lá. Me fala, ela é uma atriz brasileira estrelando uma série americana?
O que afinal de contas determina na prática a nacionalidade de alguém? Ter nascido em determinada região?
Olha bem, sou brasileiro e não tenho nenhum orgulho disso. Calma amantes da pátria, eu não teria também nenhum orgulho se tivesse nascido na China, na Inglaterra, na Suiça ou no Afeganistão. Em algumas opções teria somente uma vida mais digna, mais respeito, por exemplo. Em outros eu ia tá fudido, porque tem lugar onde viver é uma barra pesada. Dependendo de onde, nem mesmo ia poder estar escrevendo este bloguinho aqui. Eu só não entendo como ter nascido aleatoriamente em um lugar pode ser motivo de orgulho. Até porque a pessoa não tem qualquer participação nisso, muito menos então mérito.
Ahn, voltando na série. Prá mim ela não é estrelada por uma atriz brasileira, no máximo por uma menina nascida no Brasil.
pano prá manga mesmo né não? Afinal de contas, isso seria um motivo prá você ver a obra televisiva? Prá mim não.