quarta-feira, 29 de junho de 2022

MAIO, ANTES QUE VOCÊ ME ESQUEÇA

Ilvio Amaral e Maurício Canguçu
Foto de Raquel Guerra

Quem acompanha minimamente esse blog já conhece a ladainha, mas vou repetir o que sempre digo quando o texto pode ter meio que a cara de uma “crítica”. Não tenho essa pretensão, nem mesmo a formação para ser crítico de artes. Toda vez que falo de uma peça, um filme ou mesmo um livro, estou falando como mero espectador, com o único diferencial de ter estado muitas vezes “do outro lado do balcão”, seja como produtor, diretor, dramaturgo ou escritor. Isso talvez influencie o meu jeito de consumir arte, alguém mais observador, técnico e com olhar de aprendiz. Sim, porque observar tecnicamente meus colegas foi o meu maior aprendizado e o que me permitiu um dia pular pro outro lado do tal balcão.

Bom, a intenção hoje não é falar de mim, mas contar como foi assistir a “Maio, Antes Que Você Me Esqueça”, peça em cartaz no Teatro da Biblioteca Pública, na nossa maravilhosa Praça da Liberdade, aqui em Beagá. Estou escrevendo na expectativa de motivar você a fazer essa mesma imersão e acredito que o público que vai ao teatro e se informa antes de fazer suas escolhas não quer saber de muita explicação ou justificativa. Muito menos de spoiler. Seja em busca de lazer ou reflexão, acho que o interesse primordial está na emoção, no potencial de envolvimento e transformação que o espetáculo reserva.

Direto ao ponto, posso começar dizendo que "Maio, Antes Que Você Me Esqueça” é um espetáculo necessário ao tratar de tema como Alzheimer, provavelmente a mais popular no rol das demências senis cada vez mais presentes em uma sociedade que envelhece. Infelizmente esse benefício da longevidade não é diretamente proporcional à saúde mental da população. É cada vez mais difícil encontrar qualquer grupo familiar ou afetivo onde esse não seja assunto recorrente. É, precisamos falar sobre isso, não há como varrer pra debaixo do tapete algo tão urgente. Nesse aspecto precisa ser destacada a figura do autor e também diretor da peça. Jair Raso é a pessoa certa no lugar certo. Respeitado médico neurocirurgião, une a capacidade e conhecimento científico do profissional de saúde à sensibilidade do artista, conduzindo a história com emoção e verdade.

Aliás, verdade pode ser a palavra chave do espetáculo, uma vez que o seu ponto alto está justamente nas interpretações realistas. Ilvio Amaral e Maurício Canguçu, ícones da comédia no Brasil, mostram a mesma boa forma ao se envolver na representação de um drama. Claro que o espetáculo apresenta momentos de alívio cômico, ambiente onde eles são mestres absolutos, mas não é esse o movimento principal da peça. "Maio, Antes Que Você Me Esqueça" é primordialmente um drama, por vezes até pesado. Não tem como ser diferente disso diante da responsabilidade de abordar tão grave problema social e de saúde.

Evitando os spoilers, a descrição do que acontece em cena pode ser resumida como um acerto de contas entre pai e filho na oportunidade em que são obrigados a passar a noite juntos. 

Maurício Canguçu faz o filho, um poço de ressentimentos que se desdobra em emoções conflitantes. Suas contradições emotivas, ao passar a limpo as mágoas de uma vida inteira diante de alguém agora tão fragilizado e dependente, comove e por vezes assusta o público justamente pela verdade que a sua atuação imprime.

Ilvio Amaral é o surpreendente pai em cena. Todo o vigor do ator se recolhe para dar lugar ao homem frágil e confuso, que busca encontrar algum sentido no momento atual enquanto vive o passado com desconcertante lucidez. É com certeza uma das melhores, senão a melhor composição de personagem idoso que eu já vi. No teatro, o "velho" pode facilmente virar uma caricatura, mas Ilvio dribla essa possibilidade com interpretação detalhista, milimetricamente executada. 

É isso, Ilvio e Maurício nos fazem acreditar naquele embate cênico e a "verdade", palavra chave do espetáculo, revela-se mesmo o maior mérito de "Maio, Antes Que Você Me Esqueça"

E aí, deu certo? Atingi o meu propósito motivador? Ficou a fim de ver? Então não perde tempo, esse o último final de semana da temporada no Teatro da Biblioteca Pública. Depois, vai saber quando é que volta em cartaz. Olha que a agenda dessa dupla não é mole não viu... Anota aí, sexta e sábado às 21h e domingo às 19h.  

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

A ARTE DA CONVIVÊNCIA

Marcus Labatti, Gustavo Werneck e Alexandre Toledo, elenco de ARTE
Como já disse e repeti exaustivamente nesse blog, não sou crítico de nada. De cinema, literatura, teatro... absolutamente nada. Não me sinto qualificado pra nada disso e nem tenho uma formação adequada pra exercer este papel.

Mas, sou um consumidor - menos do que já fui e menos do que gostaria - mas, ainda assim, um consumidor atento, com o bônus de já ter estado, e muito, do outro lado do balcão. Produzi bastante na área cultural, sobretudo teatro. Até me orgulho de ter participação em alguns sucessos, seja como produtor, diretor ou autor.

Introdução como sempre grande e repetida pra só então entrar no assunto: O espetáculo ARTE, em cartaz no Teatro da Cidade, em Beaga, agora na programação da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. Queria ter escrito aqui no blog assim que assisti (na estreia), mas a nossa velha conhecida procrastinação empurrou até hoje. Escrever no calor da emoção é bem mais legal, ainda mais pra quem só pode mesmo se basear e se motivar na emoção, pelos motivos já citados acima.

Enfim, ARTE tem como mote uma discussão meio clichê em artes plásticas. Afinal, o que é arte? O que qualifica uma obra valer milhões e outras tantas serem comercializadas apenas cobrindo o preço da tela e da tinta? Se meu filho de cinco anos pode fazer  igual, porque esse desenho do Picasso custa tão caro?

Pessoalmente, acho que no espetáculo essa discussão é apenas o estopim pra algo muito mais cotidiano e que, por ser tão cotidiano, encontra total identificação com a plateia. A ARTE tratada em cena é outra. No palco, três atores nos falam da arte dos relacionamentos, das amizades, e das pinceladas de verniz que cobrem toda convivência.

Sem dar spoiler, pois isso faz parte da divulgação e pode ser lido em qualquer release, a história começa com a compra de um quadro por um dos personagens, que paga por ele um valor altíssimo. Pequeno detalhe: Este quadro é totalmente branco. Movido pelo perigosíssimo “sincerídio”, o primeiro amigo para quem ele orgulhosamente apresenta a obra resolve dar a sua opinião verdadeira. E essa verdade vem adornada por extrema agressividade. O segundo amigo torna-se o fiel da balança. Vamos lá, vamos ver o que ele acha. E aí, sabe aquela pessoa vaselina? Pois é, forma-se então o cabo de guerra num triângulo nada amoroso.

Eu sei que não existe esse gênero, mas pra mim ARTE poderia ser definida como uma “comédia chic”. Comédia porque a gente ri da primeira à última cena, um riso de identificação, de se perceber nas situações apresentadas, e “chic” porque o humor vem embalado numa certa “erudição”. No desenvolvimento da peça, os ânimos vão se exaltando de maneira tal que o verniz social acaba não resistindo a tantas trincas e o pau quebra com força. Embora em nenhum momento o texto identifique de onde surgiu a tripla amizade (que já dura 20 anos) muita roupa suja precisa ser lavada e a discordância sobre o quadro abre a torneira.

Esse humor, com a dose referida de complexidade, é bem realizado e catártico graças ao trabalho harmônico dos três atores que compõe o elenco. Gustavo Werneck, Alexandre Toledo e Marcus Labatti se revezam no protagonismo, cada um com seus momentos de condução da ação. Aí também dá pra sentir a mão experiente do diretor Sérgio Abritta, cujo maior mérito no espetáculo talvez seja ter conseguido nivelar as interpretações com a régua bem no alto, não deixando que se criasse nenhuma brecha ou escorregão, as famosas “barrigas” tão comuns no andamento cênico.

Pra entender melhor todo o jogo, só indo ver de perto. Recomendo demais e alerto que você não precisa ter medo de uma enfadonha discussão "teórica socioantropológica". Nada disso. Você vai é se deparar com a sua própria vida e os encantos e desencantos da convivência entre amigos. Seus amigos.

Onde? Teatro da Cidade, de quinta a domingo, do dia 30/01 a 16/02. Quinta a sábado ás 20:30 e domingo às 19h.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

BATE CORAÇÃO - UM COMBO DE EMOÇÕES


Quem me segue em algum lugar das redes sociais já sabe, mas é sempre bom repetir: Não tenho a pretensão de ser “crítico” de nada - de teatro, de literatura e muito menos cinema. Não tenho, vamos dizer, a “bagagem” acadêmica necessária para me autodenominar assim. Sou apenas um apreciador, com a vantagem de já ter estado, e muito, do outro lado do balcão. Já produzi muito daquilo que, atualmente, sou um mero consumidor.

Introdução longa pra justificar o necessário retorno a esse blog. Motivo simples:  sai de casa e me senti impelido a escrever sobre o que vivi. A história toda começa na segunda feira com um convite pra ir ao cinema, em uma pré estreia. Quer programa melhor?

Confesso que aceitei com a menor das expectativas. Esperava apenas o encontro com velhos amigos, uma noite divertida para compartilhar afetos. Mas, depois que as luzes se apagaram... Preciso contar que nessa hora começou o turbilhão de emoções que, sinceramente, eu não esperava nem de longe viver nesse programinha absolutamente corriqueiro.

Sem spoiler, vou me ater somente ao que pode ser lido em qualquer sinopse. Bate Coração fala de doação de órgãos, gratidão (e ingratidão), propósito, missão, romance, amizades e família, em suas atuais e variadas configurações.

A sessão começa com risos frouxos da plateia, de certa forma confirmando as minhas baixas expectativas iniciais. Travestis em cena sempre carregam essa força, de provocar o riso, embora muitas vezes manchado com as marcas do preconceito. Porem, um olhar mais atento me alertou – tem coisa aí... A beleza daqueles rostos se movimentando na tela sussurrava a sutileza com que esse riso fácil seria tratado.

Não deu outra. A sequência (de novo gente, sem alerta de spoiler porque vou evitar queimar na largada) vem como uma avalanche. Mas uma avalanche que não atropela, pelo contrário, empurra carinhosamente para o campo do entendimento e encanto da diversidade, da necessária compreensão que o mundo é de todos e que o comando precisa – sempre – estar nas mãos do amor.

As gargalhadas continuam, fortes. Afinal, estamos numa comédia feita por profissionais experientes do riso. Mas este riso agora não é mais aquele frouxo. Está quadro a quadro se enriquecendo de conteúdo e já esqueceu lá trás toda a carga de preconceitos.  Junto dele, presenciamos também soluços na plateia. É gente demais enxugando discretamente os olhos, afinal, rir em público é mais fácil do que chorar.

Bate Coração é por vezes, muitas vezes, panfletário e didático. Confesso que atualmente concordo que muitas vezes é preciso ser assim. Anda bem difícil transmitir mensagens importantes usando as entrelinhas e, certamente, esta é uma evidente função deste filme. Contribuir com a informação e educação na construção de um mundo melhor. Mas, a qualidade da direção e elenco conseguem atender a estes objetivos sem perder a sua principal característica, de ser o condutor do combo de emoções que transportam a plateia do riso ao choro numa sequência que não deixa ninguém descansar na cadeira.

Enfim, Bate Coração é um filme para “toda família”, por mais antipático que me soe esse bordão, exaustivamente repetido na divulgação de filmes brasileiros. Entretanto, sou obrigado a usá-lo pra dizer da importância de se disseminar a sua mensagem do bem pra todo mundo, e deixar claro que qualquer pessoa pode assistir sem riscos de se sentir agredida.

Então, escolha uma sala de cinema perto de você e vá. Se a grana tá curta, sempre dá pra achar alguma sessão ou ingresso promocional mais baratinho. Vale a pena pesquisar. Até porque Bate Coração não é um filme que merece e deve ser visto. Bate Coração é um filme que PRECISA ser visto. Depois você me conta (e me agradece a dica).

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

MÁSCARAS DE CARNAVAL E AS VÁRIAS FACES DA MESMA MOEDA


Foto: reprodução TV Foco
Redes sociais são o paraíso das tretas e são tantos os assuntos sobrepostos que mal nos lembramos do que motivou textões na semana passada.

Com a chegada do Carnaval, fomos apresentados às máscaras "Fábio Assunção", com muita polêmica, a meu ver até positiva. Claro, há bem pouco tempo essa questão não teria as reações de agora. As máscaras seriam campeãs de venda e todo mundo (a maioria) ia achar a ideia bem divertida. Felizmente, estamos evoluindo e há um repúdio generalizado (de novo, a maioria) contra a exploração da imagem do galã de maneira tão pejorativa.

Diante disso, que fique esclarecido (porque nada mais pode ficar nas entrelinhas, nem todos entendem) que sou contra a tal da máscara, como de fato também seria da mesma forma mesmo que há alguns anos.

Aí tem o outro lado, ou os outros lados dessa moeda de muitas faces. Bêbados, ou atualmente chamados dependentes químicos, são personagens do humor desde sempre, e continuam sendo. Artistas que se unem no apoio ao colega se utilizam de personagens nessa condições pra provocar o riso. Pois é, a velha pergunta: Qual o limite do humor?

Outra coisa é a glorificação do álcool. Diferentemente de outras drogas, até mesmo algumas menos prejudiciais do que ele, o álcool é uma droga "lícita". Mais do que legal, é uma droga incentivada. Mais do que incentivada, chega quase a ser obrigatória em alguns círculos ou situações sociais. Experimente ser a pessoa que não bebe. Você se torna de imediato alvo de questionamentos dos mais variados, que vão desde religião a tratamento com antibióticos. O "normal" é a pessoa chegar no "churras", na festa de Natal ou na confraternização da firma e encher a lata. O bêbado da família costuma ser o mais popular da noite, engraçado e animado, aquele que é "de bem com a vida".

Pra fechar, como disse no início, estamos sim, evoluindo. Agora é pensar até onde vai essa evolução, se vamos encarar até o miolo ou permanecer sempre na casca dos likes nas nossas superestimadas redes sociais.

PS: Fui ao Google buscar a imagem pra ilustrar o post e encontrei até "Máscara Fábio Assunção pra imprimir". Parece que o caminho ainda será bem longo.


terça-feira, 29 de janeiro de 2019

"SE PODE ACONTECER, VAI ACONTECER"




Foto: www.bbc.com via Google
Nos anos 90, trabalhei muito com empresas de porte em projetos educativos. A Vale, então Vale do Rio Doce, foi uma das principais clientes.

Nessa época, ouvi uma expressão que nunca esqueci. Não foi lá, mas servia pra todas:

"Se pode acontecer, vai acontecer". 
Essa deveria ser uma norma de segurança.

Agora já aconteceu duas vezes. Podia acontecer? Podia, tanto que aconteceu. Pode acontecer de novo? Pode. O que fazer, esperar pela próxima?

Esse não é o momento pra se defender empresa e muito menos políticos (acreditem, já vi isso aqui pelas redes sociais). De qualquer governo. Governos são co-responsáveis por estas tragédias.


Só uma atitude segura uma onda dessas. Legislação dura, fiscalização pesada, multas grandes e reais. Reais sabe, aquelas que precisam ser pagas e não apenas anunciadas.


Mariana tentou ensinar, mas foi em vão. Agora é a vez de Brumadinho. Será que dessa vez vai?

domingo, 27 de janeiro de 2019

A VALE É O MOTORISTA BÊBADO

Foto: O Globo
Quanto mais populares se tornam as redes sociais, mais especialistas nos tornamos (?) em tudo. Vou ser especialista em Vale.
Nenhum motorista bebe e sai dirigindo com a intenção de matar, nem mesmo de machucar alguém ou um animal. Ele acha, tem certeza, de que está ótimo e que nada vai acontecer. E realmente não acontece nada. Um, dois, dez anos.
Aí um dia a casa cai. Ele bebe, como sempre bebeu, só que se envolve num acidente grave, com vítimas. Fatais. O cara gente boa do boteco mata alguém, destrói sonhos, muitas vezes acaba com a própria vida atormentado pela culpa.
A Vale faz essa mesma gestão de risco. É a bêbada das barragens. Confia que tudo vai ficar bem, que nada vai acontecer. Por mais que seja óbvio que pode acontecer.
Nessa sua estratégia a economia de recursos pesa, o lucro pesa, os bônus pro "alto executivado" pesa.
A vida humana pesa? Não.
Ah, então a Vale é a malvada que sai de casa bêbada pra jogar boliche com pedestre.
Também não. A vida humana não pesa porque nesse raciocínio ela não entra. Afinal, nada vai acontecer. Como efetivamente não acontece. Durante dez, vinte, trinta anos.
Mas, um dia, a casa cai.
O que inibe o motorista bêbado? A inclusão da vida humana na sua equação? Não. Afinal ele sabe que tá de boa, nada vai acontecer. O que pesa é a lei, a punição, a multa.
E pra Vale bêbada, o que poderia pesar? A mesma coisa. Uma legislação rígida, fiscalização, punição. Cadeia, multas (que fossem pagas e não objeto de recursos intermináveis), reparos nos danos feitos.
Mariana não ensinou nada. Quem sabe Brumadinho tenha melhor sorte?

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

TEORIA (?) DA CONSPIRAÇÃO



Se eu gostasse de teorias da conspiração, ia ligar alguns pontos.

Um vídeo de quatro meses atrás fala de uma eventual impugnação de candidatura por motivo de dinheiro ilegal na campanha. Nostradamus perde. 🤔

Esse mesmo vídeo traz uma ameaça, não velada, mas dita com todas as letras, da facilidade de se calar, ou "fechar" o judiciário, com a conivência da população. 🤔

O vídeo de quatro meses atrás, circulou na época? Não só "vazou" agora. 🤔

Pra quem gosta de teorias da conspiração, seria um prato cheio. 😛

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

ADOLESCENTES ARRUMANDO AS MALAS



"Segredos de Adolescentes", peça do mineiro Roberto Freitas fez sucesso em BH e chegou a ter indicação para prêmio. Agora, com uma nova produção, prepara temporada em São Paulo, com elenco todo paulista. Os planos são ambiciosos: Circular pelo interior de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. Não está descartado também o projeto de uma tournée nacional, abrangendo diversos outros Estados brasileiros.

A história, que  flerta com a comédia, vem com a promessa de revelar "tudo aquilo que os adolescentes estão loucos pra esconder e os adultos loucos pra descobrir". Será que vão rolar tantas revelações assim? Só indo ao teatro para conferir. E olha, não vale spoiler heim?

Com muito bom humor a peça tem linguagem leve, com objetivo primordial de divertir, sem trazer quaisquer constrangimentos. Um dos seus trunfos é a possibilidade de também poder ser apresentada em escolas e empresas, além dos teatros.

Texto de direção de Roberto Freitas e produção da Kainan Produções Artísticas, do ator Kainan Ferraz (foto), que ainda integra o elenco. 


segunda-feira, 1 de outubro de 2018

SEGUNDO TURNO CHEGANDO E A GENTE TÁ COMO?



O PT sempre escolhe os adversários que quer no segundo turno. Aí faz duas campanhas, a dele e a de abater as demais possibilidades em volta daquele  que já escolheu.

Bem, já é um mérito saber de antemão que vai pro segundo turno né? Sinal que tem eleitores cativos e conquistados e, naturalmente, isso deve significar alguma coisa. Não é possível tanta gente curtir um partido se durante seus anos de poder não tivesse construído nada.

Foi assim em 2014. Com medo (justificado) da Marina, escolheu o Aécio. Essa, por sua vez, cometeu o maior dos seus equívocos políticos ao apoiar justamente o Aécio no segundo turno. O ressentimento é o pior dos conselheiros e políticos, mais do que ninguém, precisam saber disso.

Para 2018 o escolhido foi o Bolsonaro. Ciro Gomes? Nem pensar. Lembra aquele medo da Marina em 2014? Pois é. Dessa vez o fenômeno "antiPT" contribuiu demais. Pessoas com o sangue nos olhos, despolitizadas e desorientadas, foram induzidas - pelos dois lados- a acreditar que só o vulgo "coiso" seria capaz de enfrentar o PT.

No meio desse texto, começaram a pipocar na internet as impressões sobre as delações do Palocci. Isso pode até vir a modificar algum resultado, mas nada muda no que toca a minha forma de ver o processo, e opinar aqui no blog.

Você é da turma AntiPT? Então é bom que saiba que, ao optar pelo inominável, está contribuindo para mais quatro anos do "Brasil feliz de novo".


terça-feira, 28 de agosto de 2018

O OUTRO LADO DA MOEDA


Teve candidato esperto que começou a campanha há uns dez anos, sem nem mesmo imaginar que aquela estratégia ia desembocar numa candidatura à Presidência da República.

A ideia era bem simples e o objetivo angariar popularidade. Entendendo antes dos outros a dinâmica das redes sociais, decidiu colocar os seus adversários e desafetos para trabalhar voluntariamente pra ele. O instrumento? A indignação.

Então, o cara e sua turma falavam os maiores absurdos (soava absurdo pra uns, mas obviamente tinham seu público simpatizante) e os inocentes cegos de indignação tratavam de divulgar pelas redes. Assim foi criado aquilo que uns malucos começaram a chamar de "mito".

Mas, ninguém tem bola de cristal e o futuro às vezes reserva algumas surpresas.

Tudo ia muito bem e o plano original funcionando, embora algumas pessoas tardiamente estivessem acordando para o óbvio: A popularidade vinha pela ingenuidade de quem julgava estar fazendo o bom trabalho de oposição aos discursos de ódio e preconceito que levaram o sujeito ao topo. Porém, estava um pouco tarde pra voltar atrás e o desastre já consolidado. Sem querer me gabar de ser mais esperto, devo dizer, como registro, que o meu alerta a essa estratégia foi feito em 2011, aqui mesmo no blog.

Enfim, o que o sabido não esperava é que, na última hora, surgisse um cavaleiro alaranjado montado não num cavalo branco, mas em sacos de dinheiro. De uma hora pra outra, o mal construído mito começou a ruir. Os votos colhidos em tantos anos de manipulação começaram a migrar numa velocidade estonteante. Claro, o novo adversário reunia tudo o que aqueles eleitores desejavam, só que numa roupagem bem mais chic e com um discurso muito melhor articulado. De quebra, ainda a qualidade de "não político" (que tentaram empurrar em torno de um candidato que já colecionava 30 anos de mandato, fora a inclusão de toda a família) encontrou um representante real. O tal do candidato novo jamais havia se envolvido em política. Não diretamente.

Aos desesperados eu sempre dizia que não acreditava que o mal enjambrado mito resistisse a um mês de campanha. Profetizava que ele "derreteria". Apenas por supor que não dá pra ninguém se sustentar só com frases de efeito e declarações bombásticas gerando memes em redes sociais. Pra angariar votos no executivo a pessoa ´tem que ter o que dizer, e era evidente que dali não sairia nada. Pois a emenda saiu melhor que o soneto e pelo jeito o cara vai acabar mesmo é na lanterninha.

Esperar pra ver né.


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

QUEM LEMBRA DA MARINA SILVA?


Em 2010 eu quis muito votar na Marina Silva nas eleições para Presidente da República. Queria votar e votei, como não seria nada difícil saber, caso alguém tivesse interesse. Aqui mesmo no blog está tudo registrado.

Em nenhum momento me arrependi desse voto.

Chegou 2014 e eu quis muito votar nela de novo. O destino ou sabe-se lá o que (teorias da conspiração não faltaram) acabaram transformando-a em candidata. Temos candidato, temos a eleição, aí seria só votar né?

Mas, não foi bem assim.

A Marina de 2010 saiu de cena para a chegada de alguém muito estranho, uma pessoa que parecia demais com o que ela própria negava em 2010. Uma pessoa profundamente comprometida até o pescoço com o que ela mesma chamava antes de "a velha política".
Pra culminar, a candidata deu pra desdizer o já dito. A ponto de, com o passar dos dias, começarem as piadas de que o programa de governo dela teria sido escrito a lápis.

O primeiro movimento foi justamente em um ponto que de certa forma a havia fragilizado em 2010: As questões LGBT. Diziam que ela, como evangélica, promoveria uma caça às bruxas e um consequente retrocesso nas poucas conquistas de direitos alcançadas a duras penas. Verdade seja dita que, em 2010, não havia nada que comprovasse essas suposições. Pelo contrário, em algumas oportunidades ela sinalizara que defendia o estado laico e que não pretendia misturar as coisas.

Aí, justamente em 2014, ela resolveu dar razão ao que antes eram apenas suposições. Todo um capítulo, extremamente progressista do seu programa de governo, relativo aos direitos LGBT foi desautorizado pela candidata, dizendo que aquele era apenas um esboço e não deveria ter sido divulgado. Coincidentemente (?) declarações dadas após as manifestações de fúria de algumas das mais conhecidas e retrogradas lideranças religiosas.

No dia dessas declarações, eu profetizei (no Facebook): Hoje Osmarina começou a descer a escada. Não me lembro se foram exatamente essas palavras, mas o sentido foi bem claro. Aquela que estava praticamente liderando as pesquisas começava a sua derrocada. Não deu outra. Em poucos dias ela começou a descer ribanceira abaixo e só parou no momento mais patético de todos, o dia em que soltou os cabelos na cena de apoio ao candidato Aécio Neves, no segundo turno. Podia, e devia, ter ficado calada. Teria agora menos lama pra lavar.

Bom, 2010 já foi, 2014 também. Estamos agora em 2018 e eis aí a nossa personagem candidata mais uma vez. Atualmente carregando nova pecha, a daquela que só reaparece na vida pública de quatro em quatro anos somente em busca de votos. Mas, pelo jeito agora veio disposta e aparentemente com intenção de dar uma grossa faxina na imagem cristalizada de 2014.

Talvez com uma boa assessoria na retaguarda, bem diferente daquela da eleição passada, já deu início aos trabalhos. Aqui e ali, nas redes sociais, começaram a aparecer conversas de apoio às causas LGBT nos momentos em que o assunto são direitos civis. No segundo debate entre presidenciáveis, também foi feliz  descendo a lenha no ex apoiado Aécio Neves e lavando a cara daquele adversário que a gente não cita o nome no tocante ao incentivo à violência e à desigualdade entre os gêneros, diante da mal disfarçada defesa do outro quanto aos salários menores para as mulheres. Ah, e reafirmou mais uma vez o estado laico.

Enfim, a campanha está apenas começando, mas confesso que tô simpatizando com a Marina de novo. Vamos ver se dessa vez ela segura a onda.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

MAIS UMA VEZ O "BEIJO GAY", TAMBÉM CONHECIDO COMO "BEIJO"

*Como crédito da foto, encontrei apenas Reprodução/TV Globo






y". 
Chega de ficar esperando o capítulo do "beijo gay".
Novela tem beijo todo dia, toda hora, as vezes até demais. Menos quando é homem beijando homem ou mulher beijando mulher. Aí tem o dia certo de passar, a expectativa se a cena já gravada vai ou não ao ar, textão na internet pró e contra e comentários homofóbicos nos sites de notícias e fofocas de TV. Sem contar a hecatombe nuclear que o beijo vai provocar e a transformação de todas as crianças em crianças gays porque viram um cara beijando outro.
Teve beijo gay de novela no capítulo de terça. Sei por ouvir dizer porque não assisti. Segundo consta, os atores do beijo são namorados há séculos na história. Mas, estranhamente, nunca haviam se beijado.
Gente, já perdeu a graça a "transgressão" do beijo gay. Não tem porque aplaudir, incensar autor ou emissora. O lance é lembrar que gay beija sim, beija igual hetero, beija toda hora, quando tem quem beijar. 
Bora então naturalizar o beijo. Põe casal gay beijando feito qualquer casal. Beijo com hora marcada, ao som de trombetas, só reforça preconceitos e estereótipos.
Chega de "Beijo Gay". Vamos dar as boas vindas ao beijo, simplesmente beijo.


sexta-feira, 9 de junho de 2017

OS "DESINVISÍVEIS" QUE INCOMODAM




Escrevi este texto em 2015, para uma coluna de jornal que eu assinava. O motivo de retornar a ele agora foi a polêmica que está rolando em torno da agressão sofrida por um dos atores da peça “Certos Rapazes”, em cartaz aqui em Beagá. Sobre a peça falarei depois, e isso é uma promessa, porque gostei muito e desde a estreia venho enrolando pra escrever.
A polêmica: Um dos atores, que interpreta um dos parceiros no casal gay em cena, foi agredido por amigos, conhecidos, vizinhos - algo assim - em um jogo de futebol que participava perto da sua casa. Fez post no Facebook, rendeu pra imprensa e surgiram diversos comentários, a maioria de apoio ao cara (felizmente).
O que me chamou a atenção foi o tanto de gente que viu nisso um retrocesso. Retrocesso do que? Quando, em que tempo, a homofobia foi diferente, principalmente “menor” do que é hoje? Esse preconceito histórico está aí bem antes do politicamente correto da “aceitação”, que levou muito homofóbico pro armário em nome do discurso cabeça boa. Agora, um esforço não muito grande de memória, ou de história, pode conduzir quem está surpreso com o retrocesso para ali mesmo, pertinho, nos anos 80, 70, 60, até mesmo 90.
Ah, o preconceito era menor. Era? Onde? Na sua casa, onde ser gay era tabu e a palavra nem mesmo podia ser dita? Na sua comunidade, onde qualquer distração no trejeito de mão era motivo de chacota e de negação (necessária) caso a pessoa não quisesse de imediato ser atirada ao gueto da discriminação agressiva e “legalizada”, no sentido de que, diferentemente de hoje, ninguém achava nada demais discriminar gays. pelo contrário, isso era uma coisa bem legal de fazer?
Como um adendo, o ator esclareceu que ele não é gay, gay é o personagem da peça, e que foi discriminado e agredido por conta dessa confusão. Na levada, muita gente, querendo ser gente boa, escorrega ao ver nisso o drama. Quer dizer, fosse o cara gay, tava de boa, mas que isso, agora vão começar a agredir hetero por homofobia? Aí não, que já é demais. Tudo bem, o ator obviamente é gayfriendly e não partiu dele nenhuma intenção de se justificar pela negação. A dica aqui é para os comentaristas de plantão, que talvez não observem em suas posições o tanto de preconceito velado existente.
Como a introdução já virou textão, vou dar uma editada no que eu falei sobre os “desinvisíveis” na tal coluna do jornal. A ideia de usar o texto foi apenas pra contextualizar que não, não há nenhum retrocesso, a homofobia está onde sempre, infelizmente, esteve. O que acontece agora é que cada mais mais gays se tornam visíveis e, com isso, também se tornam bem mais visíveis as manifestações do preconceito.
O texto de 2015:
“Toda relação é um presente”, disse a Natura em comercial de 2013, utilizando música do Marcelo Jeneci em um vídeo bem emocionante, onde contemplava os mais diversos tipos de relacionamento, incluindo, claro, os homoafetivos. Teve choro e ranger de dentes? Bem provável que sim, mas não me lembro de ter sido algo que chamasse tanta atenção.
O bombom Sonho de Valsa, já em 2015, também lançou um filminho, este bem mais ousado, incluindo quase todas as modalidades de casais possíveis. Tinha lésbica beijando? Tinha, assim como tinha velhos, gente com grande diferença de idade, cadeirantes, casais interraciais, etc. Outro que eu não to lembrando de nenhuma movimentação contra.
Aí vem o Boticário... Não, eu não estava procurando água em Marte e cheguei atrasado ao assunto não. To sabendo que esse troço já rendeu às pencas desde a semana passada. Mas, como falei de invisibilidade na última terça, achei que era um bom motivo pra falar de uma variação do mesmo tema, a “desinvisibilidade”.
Então, como todo mundo sabe, o Boticário também usou casais homoafetivos em sua peça de divulgação para o Dia dos Namorados. Embora o vídeo seja dos mais bem comportados do mundo, pra muita gente a casa veio abaixo justamente com ele.
Em todos os três casos citados, e em mais um monte de propagandas, novelas e filmes que já fizeram ou que certamente ainda farão nessa linha, existe uma coisa em comum. Nenhum dos casais ali presentes foi inventado. É tudo coisa que existe, e existe há muito tempo, não começou agora. A diferença está justamente na visibilidade, que antes não era dada ao que fosse considerado “diferente”.
Algumas pessoas, sobretudo mais jovens, que não viveram outras épocas, costumam falar de certa “regressão” em questões de intolerância. Não gente, não é que havia mais tolerância antes, o que havia era invisibilidade, e o que não é visto não tem como incomodar, né? Saber que existia todo mundo sempre soube, mas a vista grossa é a mãe da hipocrisia. Então faz assim, você finge que não existe e eu finjo não me incomodar com você. O diretor do filme do Boticário, Heitor Dhalia, tem um palpite que talvez seja a chave pra desvendar o porquê da ira despertada justamente pelo seu comercial, tão bem comportado: “(...) na essência talvez seja por mostrarmos casais homossexuais de forma tão natural, sem associar a um gueto underground. Quase como um encontro de comédia romântica.”  

O fato é que, mesmo com todos os contras, os “desinvisíveis” podem se considerar vitoriosos. Os “a favor” superam em número, argumentação e bom humor, haja vista a quantidade de piadas criadas em torno do pensamento tacanho daqueles que tentaram, de alguma forma, desacreditar a ideia contida na publicidade - “consideramos justa toda forma de amor”. Isso sem contar o mico da sugestão de boicotar a perfumaria. Caso houvesse coerência nesta proposta, os adeptos seriam atirados de imediato ao tempo das cavernas, uma vez que praticamente todas as empresas e prestadoras de serviço que contam no mundo de hoje são pró direitos LGBT.

terça-feira, 6 de maio de 2014

O AMOR ME FAZ FELIZ

Desculpe, posso aceitar seu amor 
Mas não essa felicidade que trazes pra mim
Porque se só sou feliz quando vens
Serei infeliz quando fores

quinta-feira, 24 de abril de 2014

VELHO


Eu não sou velho
Mas não preciso que alguém venha me consolar
A cada vez que eu disser que sou velho
“Não, você não é velho!”
Como se isso, um defeito fosse
Eu tenho a exata idade que tenho
Eu sei que não sou velho
Mas velho, também sei que sou

segunda-feira, 21 de abril de 2014

NINHOS DE PÁSCOA

Quando eu era criança, o sábado era dedicado a preparar o ninho onde o coelho da páscoa deixaria os ovos.
Cada irmão tentava caprichar mais que o outro, usando caixas de sapatos, ou a tampa delas, conforme a profundidade pretendida.
O material era coletado no quintal. Folhas, pedras, capim, e o que mais de enfeite pudesse ser encontrado,desde que de aparência rústica e natural.
O domingo de manhã era de expectativa. Levantar o mais cedo permitido, porque dependia do sono e da vontade dos pais [dormíamos trancados nos quartos - tá, meio louco isso, mas verdade], e então vistoriar os ninhos.
O ciclo se fechava com os chocolates ovais bem embrulhados em papel laminado, nada tão chic e caro como hoje, mas grande novidade, porque não se comia chocolate assim, facilmente, durante o ano.
Depois cada um "economizava" os seus. Entre seis irmãos, haveria sempre de ter um campeão na realização dessa proeza.
Tem coisas que só na infância.
Feliz Páscoa!


* Imagem meramente ilustrativa, chupada do Google. Não existem registros dos nossos fabulosos ninhos de páscoa.

domingo, 13 de abril de 2014

ONTEM EU FUI AO CINEMA SOZINHO

Ganhei a noite de sábado duas vezes. Uma, por assistir, e me emocionar até as tampas com o filme "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", a outra, por conhecer um novo cinema aqui em BH. Novo pra mim, ele já tem um tempinho, mas eu nunca tinha ido. O filme está em exibição numa sala do Belas Artes, que eu adoro, e em única sessão neste outro espaço, o Cine 104, que optei para aproveitar e conhecer. Daí passei a adorar também. 
Ao filme! Então, adotando uma prática que vem sendo bem recorrente aqui, reproduzo o breve comentário que fiz no facebook:
Sempre acho engraçada a pretensão embutida na frase “mereceu todos os prêmios que ganhou”. Tipo: É, vocês até que acertaram, agora que EU confirmei.
Mas, "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" mereceu todos os prêmios que ganhou, fora os muitos outros que provavelmente ainda ganhará. 
Não sou crítico de cinema (essa pretensão nunca tive), mas posso dizer daquilo que me toca. E esse filme, fora a emoção e a qualidade inquestionável na realização, ainda é um instrumento inestimável na jornada da inclusão e do respeito à diversidade.
vontade de enumerar algumas cenas de inevitável nó na garganta. E muuiiita vontade de sair comentando do final. Mas essa porrada cada um tem que levar, de surpresa, pra ser ainda mais legal.
Vai ver e me conta. Duvido muito que uma única pessoa saia do cinema do mesmo jeito que entrou.
 

*Fiz essa "abertura" pra divulgar o post nas redes sociais. Depois pensei que seria bom se ela também ficasse registrada, junto com ele. Então hoje resolvi acrescentar aqui:
"Felizmente o mundo está indo adiante, mesmo que com dois passinhos pra frente e um pra trás.
Passo pra frente, por exemplo, foi a realização de um filme como Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, algo impensável ha uns meros cinco anos atrás.
Uma pessoa me disse que ele prega uma certa "facilidade", poucos conflitos, na questão gay. E que isso geraria frustração nas pessoas do mundo real, por não entenderem então porque pra elas é tão difícil.
Mas sim, de fato, hoje é tudo muito mais simples. Não podemos ver o filme com os olhos de nossas gerações (nós, que já estamos aqui há mais tempo).
Dificuldades e conflitos ainda existem, claro. Mas considero um mérito o filme mostrar que não, nada precisa ser tão conflituoso assim, e apresentar a naturalidade (não a normalidade) da homossexualidade.
De novo dou os parabéns ao diretor Daniel Ribeiro".

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

MÓVEIS E UTENSÍLIOS


Mais uma do facebook que vem pro blog. E assim o blog volta a acontecer...

Engraçado que na mesma proporção em que maior número de gays saem do armário, maior número de homofóbicos entra.

Pois é, não se pode deixar mobiliário sem função.

Mas assim como os gays, que de vez em quando sempre davam uma espiadinha pela porta entreaberta, também os homofóbicos sem querer dão suas escorregadas.

Esconder sexualidade pode ser difícil, mas esconder preconceito parece que é bem mais. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

AINDA O BEIJO GAY, TAMBÉM CONHECIDO COMO "BEIJO"


Ainda o beijo na novela da Globo. Sobre comentários vistos aqui e ali. Postagem original do facebook que, como muitas outras, estão vindo depois pro blog.
É de im-pres-si-o-nar a gente ler comentários do tipo que o beijo da novela não deveria acontecer porque pode "influenciar as crianças".
Como pode existir um pensamento tão burro, que não se sustenta em pé justamente pelo seu próprio raciocínio?
Nesse caso, crianças hetero devem ter uma fragilidade imensa, que deveria ser até estudada, na questão de sofrer influencias... 
Porque a criança gay nasce numa família hetero (a maioria, ainda hoje os casos diferente disso são exceções, não regras), é criada num ambiente totalmente hostil até mesmo à existência de gays, é massacrada com piadinhas, discriminação e violência, só vê romances hetero na TV, incluindo beijos e cenas de sexo quase explícito, e ainda assim mantem sua orientação sexual.
a criança hetero, vê um beijo entre dois homens na TV e PUF, numa nuvem de purpurina aprende a ser gay...
É demais né não?

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

BEIJO GAY, TAMBÉM CHAMADO DE BEIJO

E o "beijo gay", também conhecido como "beijo", rolou.
Quebrou o muro, e não foi a Globo que quebrou. 
O que acontece é que gays só se beijavam trancados em banheiros, hoje se beijam nas ruas. 
E foi essa naturalidade crescente que levou o beijo pra TV.
Claro, a decisão foi deles, mas uma decisão mercadológica. De agora pra frente, vai caindo no comum.
E olha, não tem nenhum fundamentalista "chupando", como querem crer alguns. Esses caras não estão nem aí, tudo pra eles é estratégia, e já estão pensando em como usar a nova munição.
Infelizmente o que eles vão "chupar" vão ser votos, e serão eleitos com números estratosféricos.
Mas vamos brindar a esse beijo né?

domingo, 2 de fevereiro de 2014

A PRAÇA, E A LIBERDADE

Beagá Que Eu Vi inda agorinha.
Praça da Liberdade, que amo,
a praça
e a liberdade.

sábado, 30 de novembro de 2013

O TEMPO, AH, O TEMPO...

A despedida de Mister Girassol. 
Sai a flor, ficam as sementes da renovação. É a natureza demonstrando, com simplicidade, que “o novo sempre vem”.
Pessoalmente, por convicção, procuro não sair batendo portas. Porém, já há um bom tempo, desaprendi o que é olhar pra trás.
Duas considerações, meio definitivas (pra mim) sobre o tempo que, independentemente do nosso querer, passa e nos transforma:
- “Sei que daqui a alguns dias novamente haverá mais passados acumulados em meu quarto e em meu peito. Vou sorrir. Viver é limpar-se do passado constantemente." – Julian Oliveira in Réquiem ao Saudosismo 
"No presente a mente, o corpo é diferente, e o passado é uma roupa que não nos serve mais.” – Belchior in Velha Roupa Colorida

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

BEAGÁ QUE EU VI

Meio na onda da facilidade de postar o já postado, recolhi duas historinhas do final de semana, postadas no facebook, e passei pra cá. Achei legal esse título, "Beagá Que Eu Vi". De repente vira uma série né? Quem sabe.

Outro motivo de trazer pro blog é que, cada vez mais, eu percebo como é difícil resgatar coisas no facebook. Então, vindo pro blog, fica mais fácil de achar, caso eu queira, ou precise.

É isso. Olha aí as histórias:

I 

Início da noite fui dar uma volta na Praça da Liberdade e vi dois caras embolados num banco dando um amassinho de leve.
Mesmo com a vista (bem) treinada para a cena, confesso que tive uma ponta de constrangimento e uma indisfarçável vontade de ficar olhando.
Mas, por fim, fiquei foi feliz em ver o amor, ou o amasso, ser praticado em público, sem medo.

(Foto meramente ilustrativa, pescada no google)


II

Descendo a rua da Bahia, vi que tinha uma movimentação na Praça Afonso Arinos, um povão na rua e um som rolando.
Desviei o caminho e desci até lá, pra ter uma ótima, sensacional surpresa.
Quem estava tocando era a Absinto Muito, banda do meu amigo Efe Godoy, que eu nunca tinha visto ao vivo.
Fiquei IMPRESSIONADO o tanto que era bom, e o tanto que o povo pulava enlouquecido na rua. Mas IMPRESSIONADO MESMO!
Sem palco, só uma tendinha ali no canteiro do meio da Álvares Cabral, mas o pau quebrando com força.
IMPRESSIONADO define a minha sensação. Arrepiado, o meu físico.  :)

(Foto também do google, que saquei não ser muito nova. Se os meninos da banda tiverem outra - com crédito - por favor,enviem.) 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

PATOS

Na mesa havia doces de amendoim e jornais. 
A conversa entre eu, meu pai, minha mãe e meu irmão era sobre morte, velórios e carpideiras. 
De repente, o mistério da vida se abriu. 
É que, diante de mim, um jornal contava de um lugar onde se criam peixes e marrecos. 
De manhã, os marrecos nadam e fazem cocô na água, que alimenta os peixes. 
Era o milagre dos peixes. E dos patos.