quarta-feira, 22 de agosto de 2018

QUEM LEMBRA DA MARINA SILVA?


Em 2010 eu quis muito votar na Marina Silva nas eleições para Presidente da República. Queria votar e votei, como não seria nada difícil saber, caso alguém tivesse interesse. Aqui mesmo no blog está tudo registrado.

Em nenhum momento me arrependi desse voto.

Chegou 2014 e eu quis muito votar nela de novo. O destino ou sabe-se lá o que (teorias da conspiração não faltaram) acabaram transformando-a em candidata. Temos candidato, temos a eleição, aí seria só votar né?

Mas, não foi bem assim.

A Marina de 2010 saiu de cena para a chegada de alguém muito estranho, uma pessoa que parecia demais com o que ela própria negava em 2010. Uma pessoa profundamente comprometida até o pescoço com o que ela mesma chamava antes de "a velha política".
Pra culminar, a candidata deu pra desdizer o já dito. A ponto de, com o passar dos dias, começarem as piadas de que o programa de governo dela teria sido escrito a lápis.

O primeiro movimento foi justamente em um ponto que de certa forma a havia fragilizado em 2010: As questões LGBT. Diziam que ela, como evangélica, promoveria uma caça às bruxas e um consequente retrocesso nas poucas conquistas de direitos alcançadas a duras penas. Verdade seja dita que, em 2010, não havia nada que comprovasse essas suposições. Pelo contrário, em algumas oportunidades ela sinalizara que defendia o estado laico e que não pretendia misturar as coisas.

Aí, justamente em 2014, ela resolveu dar razão ao que antes eram apenas suposições. Todo um capítulo, extremamente progressista do seu programa de governo, relativo aos direitos LGBT foi desautorizado pela candidata, dizendo que aquele era apenas um esboço e não deveria ter sido divulgado. Coincidentemente (?) declarações dadas após as manifestações de fúria de algumas das mais conhecidas e retrogradas lideranças religiosas.

No dia dessas declarações, eu profetizei (no Facebook): Hoje Osmarina começou a descer a escada. Não me lembro se foram exatamente essas palavras, mas o sentido foi bem claro. Aquela que estava praticamente liderando as pesquisas começava a sua derrocada. Não deu outra. Em poucos dias ela começou a descer ribanceira abaixo e só parou no momento mais patético de todos, o dia em que soltou os cabelos na cena de apoio ao candidato Aécio Neves, no segundo turno. Podia, e devia, ter ficado calada. Teria agora menos lama pra lavar.

Bom, 2010 já foi, 2014 também. Estamos agora em 2018 e eis aí a nossa personagem candidata mais uma vez. Atualmente carregando nova pecha, a daquela que só reaparece na vida pública de quatro em quatro anos somente em busca de votos. Mas, pelo jeito agora veio disposta e aparentemente com intenção de dar uma grossa faxina na imagem cristalizada de 2014.

Talvez com uma boa assessoria na retaguarda, bem diferente daquela da eleição passada, já deu início aos trabalhos. Aqui e ali, nas redes sociais, começaram a aparecer conversas de apoio às causas LGBT nos momentos em que o assunto são direitos civis. No segundo debate entre presidenciáveis, também foi feliz  descendo a lenha no ex apoiado Aécio Neves e lavando a cara daquele adversário que a gente não cita o nome no tocante ao incentivo à violência e à desigualdade entre os gêneros, diante da mal disfarçada defesa do outro quanto aos salários menores para as mulheres. Ah, e reafirmou mais uma vez o estado laico.

Enfim, a campanha está apenas começando, mas confesso que tô simpatizando com a Marina de novo. Vamos ver se dessa vez ela segura a onda.

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