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Foto: O Globo |
Quanto mais populares se tornam as redes sociais, mais especialistas nos tornamos (?) em tudo. Vou ser especialista em Vale.
Nenhum motorista bebe e sai dirigindo com a intenção de matar, nem mesmo de machucar alguém ou um animal. Ele acha, tem certeza, de que está ótimo e que nada vai acontecer. E realmente não acontece nada. Um, dois, dez anos.
Aí um dia a casa cai. Ele bebe, como sempre bebeu, só que se envolve num acidente grave, com vítimas. Fatais. O cara gente boa do boteco mata alguém, destrói sonhos, muitas vezes acaba com a própria vida atormentado pela culpa.
A Vale faz essa mesma gestão de risco. É a bêbada das barragens. Confia que tudo vai ficar bem, que nada vai acontecer. Por mais que seja óbvio que pode acontecer.
Nessa sua estratégia a economia de recursos pesa, o lucro pesa, os bônus pro "alto executivado" pesa.
A vida humana pesa? Não.
Ah, então a Vale é a malvada que sai de casa bêbada pra jogar boliche com pedestre.
Também não. A vida humana não pesa porque nesse raciocínio ela não entra. Afinal, nada vai acontecer. Como efetivamente não acontece. Durante dez, vinte, trinta anos.
Mas, um dia, a casa cai.
O que inibe o motorista bêbado? A inclusão da vida humana na sua equação? Não. Afinal ele sabe que tá de boa, nada vai acontecer. O que pesa é a lei, a punição, a multa.
E pra Vale bêbada, o que poderia pesar? A mesma coisa. Uma legislação rígida, fiscalização, punição. Cadeia, multas (que fossem pagas e não objeto de recursos intermináveis), reparos nos danos feitos.
Mariana não ensinou nada. Quem sabe Brumadinho tenha melhor sorte?