Pois é, um assunto polêmico que vou meter a colher de pau porque mais ou menos conheço de perto. Acho que vou caçar confusão com uns 5.987.643.200 jornalistas, entre amigos e conhecidos, mas vamos lá...
Nos idos de 1980 entrei prá PUC aqui em BH com o propósito de fazer jornalismo. Na época, o vestibular era prá Comunicação Social. Então você entrava, fazia quatro períodos e aí ia escolher uma das áreas onde fazer os outros quatro: Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas. Meu objetivo era fazer Jornalismo, e na sequência talvez emendar na Publicidade. Acabei fazendo RP, e só. Meu diploma? Acho que tá lá na PUC desde 1984.
Bom, o que aconteceu foi que, assim que entrei na faculdade, comecei a trabalhar na área. Lancei um livrinho chinfrim e desse lançamento meio que cai no mercado. Comecei a produzir uns shows e logo estava fazendo o que na época todo mundo chamava "divulgação" pro povo de teatro. Ram ram, nada mais era do que Assessoria de Imprensa na área cultural, profissão essa que eu "inventei" aqui, já que não havia este trabalho sistematizado. O que rolava é que gente de teatro sempre conhecia gente de jornal que as vezes além de ser gente de jornal era também gente de teatro. Dessa amizade e convivência é que vinham as notícias, críticas e tal.
Meu caminho também foi o das amizades. Quando divulguei meu livro, amigos jornalistas entraram na dança e destes fui conhecendo outros. Prá um moleque de 19 anos lançando um livrinho que, vamo combiná, não era lá essas coisas, o lançamento bombou. Aproveitei a deixa de ter conhecido o caminho das redações e fiz disso meu ganha-pão. Tá bom, tá bom pessoal, podem espernear aí, mas quem faz Assessoria de Imprensa prá teatro hoje, anda no caminho que euzinho descobri. Fato.
Pois é, como as redações não tinham muita equipe e na época tudo era mais soltinho, a minha divulgação não era a de hoje não, estagiário plantado no escritório da "Empresa" disparando e-mail. Sentava na máquina de escrever e, datilografando com dois dedos (até hoje), redigia eu mesmo uma pancada de matérias. E quer saber? As-si-na-va. Ah tá, materinha de pé de página né? Nããããããõoo meu filho, CA-PA, isso mesmo, capa inteira, e de jornal grande.
Daí chegou uma hora que o canudo do diploma começou a me assombrar. Mesmo depois de formado, nessa mesma lida, eu não era - e não sou - jornalista. Ainda lá dentro da década de 80, começou um movimento meio de "prestar atenção". Profissionais e Sindicato começaram a querer saber onde estavam os diplomas. O meu, de RP, estava onde ainda está, na PUC. Nessa hora tudo foi regularizando. Os próprios jornais também já contavam com mais estrutura e mais pessoal. Um monte de gente correu pro banco de escola, outros tantos regularizaram numa coisa que acho que rolou na época, de ter comprovação de parará anos de experiência valer prá profissionalização. Eu não fiz nada disso, até porque nunca fui nem nunca quis ser empregado de veículo nenhum. A vida andou, meu rumo mudou e acabei não ficando em falta com ninguém. Ah, muuuuiiiiita gente vai ficar sabendo só agora que não sou jornalista :-)
O diploma, hoje. Confesso que acho uma sacanagem com quem tá estudando. Mesmo que o cara lá das empresas de jornal vá prá TV falar que ainda vão contratar os que tem diploma, a gente sabe que é uma balela. Não sei bem como vai acontecer porque vai ser um pouco estranho definir critérios prá contratar. Vai ter anuncio abrindo vaga prá qualquer um que quiser? É, a princípio fica bem esquisito, mas o fato é que o costume vai moldando e logo logo aparece o novo formato. Hoje em dia tudo é muito rápido. Vi algumas faculdades falando que não tem nada a ver, que o curso vai continuar. Tá certo, dá mesmo pra imaginar elas falando o contrário né...
Enfim, perdão, falei demais, post longo. O comentário final é que com esta decisão cai mais uma reserva de mercado. O pior é que até agora não vi nenhuma defesa que trouxesse realmente argumentos irrefutáveis. O que mais rolou, e muito, foi falar da importancia do diploma por causa da ética. Ética se aprende é na escola? Ram ram, então se for assim muita gente que tá na imprensa andou matando aula viu...
Há! Gostei!
ResponderExcluirAcho que o formato que o jornalismo vai tomar vai ser o mesmo da área de informática. Diploma não precisa, tem coordenador e gerente que é formado em coisa nenhuma, mas "manja" de negócio e tem um curriculo de fazer inveja, em experiência profissional e não acadêmico. Vai ter um vasto conhecimento de coisas que "nego" nenhum vai aprender sentado em sala de aula.
Porém, vai ter muita gente que vai começar com a formação academica e conduzir a carreira pra ter experiência profissional nivel "A", estes vão sair na frente.
A faculdade vai abrir a porta, vai ser o meio mais facil de "ser" jornalista, mas pra quem já está e está muito bem, a faculdade ou qualquer outro certificado será um algo a mais, mas não vai torná-lo um jornalista melhor.
Vão ficar os que "dão" pra coisa, os que tem talento, os que podem provar ali no dia a dia, que nasceram pra isso.
E aí, Luiz! Beleza, meu velho?
ResponderExcluirCara, esse assunto vai dar o que falar... Ainda tem muita água pra rolar por debaixo da ponte!
O tema é delicado. Dos dois lados há argumentos importantes. Concordo que existiram bons jornalistas que jamais sentaram num banco de faculdade. Concordo também que, certamente, a decisão não vai atrapalhar a vida de ninguém. Os meios de comunicação continuarão buscando mão-de-obra qualificada e, se o cara levou sua formação a sério, vai sair na frente na disputa...
Mas, particularmente, acho uma tremenda sacanagem com quem ficou anos e anos enfiado dentro da Universidade.
Um dos argumentos do Sumpremo foi que, um jornalista, ao contrário de um médico ou um dentista sem formação, não pode pôr sua vida em risco. Sei não, sabe. Lembra do caso dos donos de uma escola, alguns anos atrás, em São Paulo? Então... Fatos mal noticiados também podem custar vidas...
Falei sobre o mesmo, sem sua propriedade, claro, lá no meu blog. Se me der a honra de sua visita, ficarei muito feliz...
www.marcelo-antunes.blogspot.com
Abração, meu caro e sucesso!
Ô, Luiz, valeu pela visita e pelas palavras lá no "Diz"!
ResponderExcluirPois é, rapaz... Quando falei da Escola Base, não me referi exatamente à questão dos diploma, mas sim em relação ao que escrevi que "Fatos mal noticiados também podem custar vidas", entendeu? Mas, temos que convir... Péssimos profissionais existem aos montes, inclusive, muitos formados!
Vou dar uma conferida no post que me indicou, falou?
Volta mais vezes...
Abração!
O que mais me chama atenção nesta história toda é que, de vinte jornalistas que eu conheço, apenas um está trabalhando na área.O mercado está saturado e mesmo com o advento das chamadas "novas mídias", não comporta tantos profissionais. Acredito que a prática em jornalismo pode render ao dito cujo uma experiência bem mais significativa do que o emaranhado de artigos, trabalhos, teses, pesquisas, livros, etc. etc. etc, que fazem parte da rotina de um curso superior. Jornalismo se aprende fazendo. Também discordo disto. Nélson Rodrigues era jornalista com apenas terceiro ano de grupo (nomenclatura da sua época), mas, em outros tempos, outra realidade. Jornalismo hoje é coisa muito, mas muito séria, ou, pelo menos, deveria ser. Quando um ex-bbb vira repórter ou a esposa do dono da emissora ganha uma vaga de âncora num telejornal, ou quando o grande carismático bem vestido artista vira comentarista num programa de debate, vejo que jornalismo não tem sido levado tão a sério assim como deveria, não. Portanto, ou os jornalistas fazem alguma coisa ou irão assistir, escondidos atrás de tablets, a profissão ser vista como uma notícia de ontem, não interessa mais.
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