domingo, 9 de novembro de 2008

BOLSA-PESCARIA

Dar o peixe ou ensinar a pescar? Sempre tive essa implicância com o tal bolsa-família, um programa que eu só conseguia ver como assistencialismo barato de resultado "e doutor uma esmola, a um pobre que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão" (Galope - Gonzaguinha). Do jeito que o mundo anda, nem pensar na vergonha né, é a parte do viciar mesmo.
Além da implicância, eu tinha também uma curiosidade: Como é que alguém podia melhorar a vida com a miséria distribuída? Algo em torno de uns cento e poucos reais, quando muito. Pois bem, hoje, domingo, tudo mudou.
Li na revista do meu vizinho uma matéria com um raciocínio que eu nunca tinha pensado. A tal matéria foi ilustrada com vários casos reais, de famílias que se beneficiam dessa tal bolsa. Uma das histórias me abriu os olhos:
O casal vivia miseravelmente, antes mesmo de ser casal, cada um com seu povo. A mulher então, nossa, deu até dó quando ela contou que no seu passar fome só foi conhecer macarrão com mais de 20 anos, numa festa de casamento. Pois bem, o casal tem dois filhos, um menino e uma menina. É aí que entra a parte legal do bolsa-família, olha só. As crianças não precisam trabalhar na enxada, como os pais, que se viravam na roça desde os 6 anos de idade. Estão na escola, comem todos os dias, incluindo macarrão, e podem sonhar com um futuro de modelo-médica e motorista de caminhão-jogador de futebol. É, combinações estranhas, mas bem diferentes da vida da mãe, aquela que foi comer macarrão em festa de casamento depois de adulta.
Ó, a bolsa-futuro funcionando! Não ensina a pescar o peixe, mas por outro lado possibilita uma mudança de vida na geração seguinte. Gente, como é que eu nunca tinha pensado nisso????? E você, já tinha olhado por este angulo?
Aquela parte da curiosidade continuou, embora a revista demonstre a diferença do que os valores financeiros representam de acordo com região do país e tal. Mesmo assim, difícil entrar na cabeça como aquela família-bolsa come o mês inteiro, dignamente, com cento e poucos reais. Ah, ainda compra roupa e material escolar...
Adorei poder ver com outros olhos uma idéia que só me dava antipatia. Devia agradecer ao vizinho pela leitura, só que, muito aqui entre nós, ele não sabe que leio a revista dele.

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Be-a-bá demais? Né não, muita gente falou dessa dificuldade e saiu sem deixar recado. Agora todo mundo pode! :-)