quinta-feira, 2 de abril de 2009

TERCEIRIZAÇÃO DA CRISE

Sabe aquela prima super gente boa? Aquela que é a alegria da festa, é inteligente, tem resposta prá tudo? Pois é, mas mesmo assim ela não dá conta de se virar sozinha, aí depende dos primos mais abastados prá manter a sua despensa mais ou menos cheia e seu aluguel.
Essa prima é a cultura, que desde sempre dependeu dos primos industria, comércio, serviço e estado prá sobreviver e tocar a vida em frente. Bom, um dia começa a faltar o pão na casa dos primos ricos. Dá prá imaginar o que que vai rolar com a priminha né?
Então, a crise chegou de carona na cultura. Carona? Por que? Uai, porque na verdade a crise não afeta o setor no seu resultado de produção, na receita que vem do seu trabalho. Você pensa que um show vive de ingressos? Que uma revista vive de assinatura e venda em banca? Teatro então, nem é bom falar, já que tirando os medalhões com a carinha na TV ninguém anda fazendo meia casa. Coloca aí no bolo os meios de comunicação, informação, entretenimento... Todo mundo depende de patrocínio.
Ah tá, você pensa que tô falando do grupo de teatro daí do lado da sua casa né? Não meu filho, a Rede Globo depende de patrocínio. Quem você acha que paga o salário do Tarcísio Meira? São as lojas de eletrodomésticos, as concessionárias de automóveis, as fábricas de refrigerante. É, ram-ram, isso mesmo, anunciante e patrocinador é basicamente a mesma coisa. Ah, e nem vem falar de Ivete Sangalo, porque sem as companhias telefonicas ou as fábricas de cerveja ninguém ia bancar o cachêzinho da moça não.
Sustentabilidade. Essa palavrinha tão na moda dificilmente algum dia vai se aplicar na atividade cultural. Tá certo, muuuuuiiiiiiitos setores recebem subsídio, aqui e no resto do mundo. De agricultura a montagem de carro. Só que independente disso, vivem é da venda do saco de arroz, do carrinho de 20 mil reais. A prima cultura, mesmo com subsídio, nao vive da venda do que produz. Gente, não adianta jogar pedra, isso é um fato, de onde se pinçam raras exceções, e mesmo assim exceções que vivem de momentos. É, porque quem se sustenta hoje com um espetáculo não quer dizer que vai continuar se sustentando amanhã. Nesse parque de diversões, a vida do produtor cultural tá mais prá montanha russa mesmo.
No meio desse angu de crise, aparece a novidade de extinção da Lei Rouanet, a mais antiga Lei de Incentivo a Cultura do país, que pretende virar outra coisa. Sobre isso quero escrever com calma, porque preciso primeiro entender melhor e não falar ainda mais besteira do que as vezes falo nesse blog. As mudanças foram colocadas para consulta pública, a partir do dia 23 de março, com prazo de 45 dias. Se você quiser dar uma olhada também, vou deixar o link. É, eu já tinha recebido e perdi, daí que fiquei um tempão pesquisando aqui pra achar de novo. Facilito sua vida: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consulta_publica/programa_fomento.htm.
Desculpa o sumiço, mas depois que resolvi não escrever mais todo dia acabei enrolando, só prá variar... :-)

Um comentário:

  1. ainda bem q volto ando mei sumido,
    e volto com um otimo texto
    xD

    se puder
    http://sonabrisa.nomemix.com/

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