domingo, 10 de maio de 2009

A VIDA É TRABALHO

Eu tenho uma brincadeira que é super bem argumentada. Falo que o trabalho é a pior coisa na vida da pessoa. Falo e provo:
- Você paga pra tudo. A única coisa que te pagam pra fazer é trabalhar.
- Você nunca ouviu falar no castigo lazer forçado. Mas com certeza já ouviu trabalhos forçados.
- Nunca um povo escravizou outro prá proporcionar a ele momentos de ócio. O objetivo sempre foi botar pra trabalhar.
É, mas tudo isso não passa de uma grande brincadeira. Na verdade eu sou pró trabalho, e acho que é ele que identifica o homem, a mulher e todo mundo. No meio de tanta discussão entre o ser e o ter, eu creio que o que conta mesmo é o fazer.
Tenho muita antipatia de novelas, filmes e livros, que vira e mexe trazem aquele personagem que muito se dedica ao trabalho e por isso fazem dele um vilão, uma pessoa amarga ou alguém com uma lição de moral a aprender. Ficar atoa é muito bom, curtir amigos e família é bom também, o amor encanta a vida do sujeito. Mas pega isso tudo sem o tal do trampo. Fala sério, onde é que o ser humano se realiza mais? Eu não tenho dúvidas, é no fazer bem feito, é no encher os seus olhos e o dos outros com o dever cumprido. Recorrendo a chavões afirmo sem medo de errar que é o trabalho que dignifica o homem, e faz dele alguém amável, no sentido de alguém-para-ser-amado.
, tem serviço chato. Pra todo mundo. Mesmo que a gente tenha o privilégio de fazer o que gosta, sempre tem aquela coisinha pra incomodar. Voltando aos clichês, com certeza nem sempre é possível fazer o que se ama, mas pode-se passar a amar aquilo que se faz. E vamo combiná? Este é o melhor investimento, ou então cascar fora. Pensa bem, se você vai ter que ir mesmo pro borralho, o que é preferível, ir de boa ou arrastando correntes?
Resultado, este sim é o grande barato de toda profissão. Claro que não vou ser hipócrita de falar aqui que tem quem sonhe em ser doméstica desde a infância, ou gari, pedreiro, sei lá, essas coisas mais braçais. Mas acho que a satisfação de botar um chão brilhando, uma cozinha em ordem, um tijolo bem assentadinho é a mesma de escrever um artigo que vai ser lido por milhões ou fechar certinho os pontos de uma cirurgia.
Minha amiga recentemente assumiu um cargo de administração em um serviço público onde a inoperância e a baixa produtividade eram marca registrada há tempos. Reverteu o quadro em menos de um ano. Sabe o que ela disse? Que todo mundo tem orgulho e foi pegando por aí que ela tirou o povo do marasmo. Hoje a produtividade é recorde, ninguém mais bebe no serviço (bebiam antes, pode?) e todos vestem a camisa com o bom orgulho de dizer "fui eu que fiz".
Domingo, tô trabalhando. Não trabalho de blog, tô na minha loja. Trabalho praticamente todos os dias e a-do-ro! Acho que se eu estivesse num filme ia ser o tal personagem para lição de moral. Ahn? Pra cima de mim? Ah, comigo não ia colar não.

3 comentários:

  1. Oi Luiz, relamente concordo com voce neste aspecto. Também passo grande parte do dia (independentemente se útil ou não) em função do trabalho. Na maioria das vezes o prazer está ali do meu lado. Em outras este prazer passa ser acompanhado de um certo sofrimento quando deparo com a minha vida passando, os amigos se encontrando no final do dia e eu no trabalho, as conversas em dia mesmo que de forma virtual (pouco consigo entrar no msn sequer) e as relaçoes interpessoais mais presentes no dia a dia das pessoas (e eu aqui, meio que plagiando a tal da Glória perez e me sentindo um Dalit, um intocavel)
    Fazer o que? O trabalho realmente dignifica o homem e na maioria das vezes enriquece o patrão!
    Quem sabe um dia a CEF me ajude contando quais são os número do próximo sorteio da Mega Sena. Enquanto isso não acontece, deixa eu voltar pro trabalho...
    Abraço

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  2. Primeira vez que eu entro aqui.
    Achei interessante esse seu post sobre o trabalho. Infelizmente as pessoas tendem a associar o trabalho ao desprazer e pensam que isso é algo natural, que trabalho que é trabalho não pode ser prazeroso.
    Quando fui escolher o meu curso na faculdade me deparei com a questão "como você vai fazer pra comer? o máximo que você consegue com isso é a subsistência... e olhe lá!". A outra escolha era fazer um curso que me servisse como meio para obter muito dinheiro e aí o desprazer seria condição indispensável para o prazer. Fiz as contas: 8 horas de trabalho/dia pelo menos, 8 horas de sono (ou menos na verdade), 2 horas preso em engarrafamentos e derivados, sobram 6 horas para comer, fazer necessidades fisiológicas e ainda levar trabalho pra casa. A maior parte do tempo da nossa vida vai ser gasta com obrigações... pois que sejam boas então.
    Acho que em todo trabalho tem a possibilidade de ser criativo e de incidir sobre as coisas. Inclusive nos braçais. Aliás, esse é o papel histórico do trabalho: o de transformar o macaco em homem. Quem disse isso foi F. Engels, não eu. Mas sem o trabalho o homem teria permanecido somente mais um "tipo de macaco"(os biólogos e afins que me perdoem).
    Existem outros animais que agem sobre a natureza, mas o único que realmente se preocupou em criar algo novo a partir disso foi o homem.
    Acho que a nossa época produziu uma inversão nesse sentido sem igual. A associação do trabalho à desumanização (vide Tempos Modernos do Chaplin). Mas não é a modalidade de trabalho (manualXintelectual) que cria isso. A mecanização do homem, que o transforma em "macaco-máquina". A rigor o trabalho deveria ser sempre uma atividade mental e manual. Essa separação, que concebe o pedreiro como a antítese do intelectual, relega o primeiro à insignificância criativa e com ele tantas outras pessoas "proibidas" de criar.
    Enfim, eu ia me demorar mais aqui, mas acho que já deu pro gasto. A labuta me chama amanhã cedo... foda viu... hehe

    Abraços

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  3. Nossa! Quanto tempo que não venho aqui, e você andou produzindo bastante hein? Não vou ler tudo agora, só li o primeiro e achei que uma manifestação de vida via comentário seria bem vinda.
    Faz muito tempo que não atualizava o meu, mas atualizei agora pouco, então dá uma olhada lá, acho que são boas noticias....
    Sobre o trabalho, hahaha, bom eu discordo de que seja uma punição, da maneira que a religião costuma pregar, ou coisa do tipo... Acho o trabalho necessário, pois é no ócio que mora o perigo ahhaha...
    Para falar em cliche, acredito muito na questão do equilibrio, e é para esse rumo que estou tentando direcionar my path....

    Bom, prometo que farei um post mais caprichado na próxima vez, comentando todos os posts não lidos.
    Abraços e boa semana!

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