quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

QUAL É A HORA AGÁ?

Ontem eu assisti "Milk - A Voz da Igualdade". Não sei porque demorei tanto pra ver esse filme. A-do-rei,  pra mim um dos melhores nos últimos tempos. Bom, a história dá muito pano pra manga e obviamente alguns temas são os mais focados e comentados - militância gay e desempenho do Sean Penn na comissão de frente, claro. Maaass, não é disso que quero falar aqui neste post. Estes assuntos ainda serão abordados, acho até que muito, só que em outras oportunidades.
Uma coisa em especial me chamou atenção. Provavelmente não fui só eu a pensar nisso, só que ainda não vi ninguém falando sobre. A vida do cara, o tal do Harvey Milk, durou exatos 8 anos. É, o filme meio que fala isso, algo como "a vida que valeu a pena, então essa é que vamos mostrar". Não estou falando como crítica negativa, mas como um fato bem curioso e que me leva a reflexões sempre tão caras:
Afinal, qual é a hora de começar?
Explicando, pra você que ainda não assistiu. O primeiro momento que o personagem aparece é numa situação paquera, na véspera de completar 40 anos. A virada pros enta seria à meia noite daquele dia. De quebra, ele conhece ali aquele que se tornaria seu companheiro de vida. Então, já juntinhos na vibe de namoro, Milk revela ser um cara "no armário", um vendedor de seguros que temia por emprego, família, amigos e blablabla. Aí o lindão do namorado (James Franco) fala que talvez estivesse na hora dele pensar numa mudança, que em resumo seria a saída do armário. Dali, direto pro Castro, Milk começa a virar Milk, o militante, que em apenas oito anos promoveu uma mudança tal que justificou seu nome encravado na história política contemporânea e a motivação pra uma produção cinematográfica que, de quebra, rendeu um Oscar para o seu interprete.
Deu pra ti? À meia noite ele declara completar 40 anos sem ter feito nada na vida. Em oito anos, oitoanos, tudo muda.
Claro, a trajetória dele provavelmente teria mais conquistas, mais vitórias (ou não), caso não tivesse sido assassinado tão moço. Mas vê bem, o legal também é que ele não começou aos 15, ou 17. O cara viveu até os 40 anos sem ser ninguém, só a partir dali que despontou. Tá, tem muita gente que acontece isso, só ser reconhecido mais tarde. Mas, na maioria das vezes, são pessoas que já vinham batalhando por algo até o momento de serem descobertas, ou de colher o que vinham plantando. Ele não, sua primeira sementinha foi assim, meia idade mesmo.
De certa forma, lá nos idos de 70, ele foi o precursor do que a gente vê muito hoje em dia, o gay profissional. Aquela pessoa que junta os limões e faz uma bela limonada, ou na maioria dos casos, uma boa duma caipirinha. Enquanto uns choramingam sua exclusão, sua vida sofrida de discriminados, outros fazem disso um trampo. Sem juízo de valor, plis, mas é fato que muito artista-jornalista-apresentador-escritor-participante-de-reality-show-político vem fazendo seu filme é com a visibilidade da porta do armário arrombada.
Enfim, o assunto descambou um pouco, mas a conclusão é que se você não fez aos 30, calma, ainda vem os 40. Se também já passou essa fase, é bom lembrar que se Milk começou aos 40, isso nos anos 70, agora no século 21 os 60 são os novos 40.
Então, a hora pode ser agora, ou, quem sabe, no seu próximo aniversário.

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