Chovendo no molhado, vou falar da morte, ou passagem, como preferem alguns, de um dos personagens mais polêmicos do circo da vida pública. É, ele mesmo, Clodovil, o deputado-estilista-apresentador-ator, alvo da chacota e da inveja enquanto viveu.
Não, não sou fã dele e prá falar a verdade poucas vezes o vi em seus inúmeros programas de TV. Segui de perto apenas um, se eu não me engano na extinta TV Manchete, inicinho dos anos 90. Um Jô 11 e meia da época, mais atrevido e por vezes beirando o desrespeito aos convidados, sempre relutantes em aparecer na atração. Atrevido e por vezes desrespeitoso porque o apresentador meio sem noção fazia perguntas que muita gente queria fazer e não tinha coragem. Também porque ele pegava aqueles boatos que circulavam no inconsciente coletivo, sempre preocupado com a vida alheia, e perguntava na bucha. Tinha ainda a tal lente da verdade, momento de encerramento das tensas entrevistas, mas nem sempre o ponto alto da indiscrição da noite.
Duas outras coisas chamavam a minha atenção no programa: O modo como ele anunciava os intervalos "nossas estrelas comerciais" e o café que fazia ao vivo para os entrevistados, sempre utilizando uma cafeteira diferente, o que dava uma sofisticação especial. Parece que o programa saiu do ar em meio a uma série de reclamações e até ações na justiça, sem contar que acho que já não tinha muita gente com coragem de tomar aquele cafezinho ali.
Por toda a mídia a gente vê as reações de quem conviveu com ele. Agnaldo Timoteo cantando na sua despedida, uma carpideira indo chorar de graça, a deputada (Cida Diogo) chamada de feia esquecendo as desavenças, o presidente estadual de partido chinfrim (Ciro Moura - PTC/SP) sendo expulso do velório perdendo a oportunidade de ficar calado ao dizer que ele é que tinha eleito Clodovil deputado.
Ora, ora senhor presidente de partido, todo mundo sabe que o que o elegeu foram a soma do seu carisma, a inteligência inquestionável e mais uma vez a chacota. O mau gosto agressivo metidinho a engraçado fez a sua fama. Desde pequeno eu ouvia as piadas em torno do personagem, talvez a mais conhecida seja aquela que fazia o trocadilho com o nome, bem ao gosto da grosseria do humor baseado no preconceito:
"Clô para os amigos, Clodô para os inimigos e Dô pros íntimos"Apedrejado e apedrejador por todos os lados, sofria este preconceito social ao mesmo tempo que sofria o patrulhamento do povo engajado que cismava que ele tinha que fazer apologia gay. Ah gente, por que as pessoas que se julgam tão batalhadoras pela diversidade não conseguem conviver com pensamentos contrários aos seus? Ao chamá-lo de "bicha desmunhecada" com o argumento de "dar visibilidade ao modelo de vivência homossexual já ultrapassado" o gay profissional Luiz Mott deu a entender que sim, existe um jeito que é o jeito certo de viver e mais, o jeito certo de ser gay. Luiz, respeita Januário né fi???
Enfim, mais uma vez as piadinhas correm soltas em todos os espaços de comentarios abertos ao populacho. A inveja e a chacota que fizeram sua vida, fazem também a sua despedida. Sorry pelo populacho, mas que nome dar a perdedores que se dedicam a debochar de gente que faz? Me fala aí que eu mudo.
aah eu também postei sobre o clô.. acho que ele ainda tinha muita coisa pra "ensinar" pra esse povo preconceituoso. anyway..
ResponderExcluirAdorei o seu post...
ResponderExcluirA questão é que muitas vezes não podemos concordar ou até gostar, mas o importante é respeitar, certo ???
Beijocas !!!
Eu fiquei um tanto triste com sua partida. A TV perdeu um pouco da elegância e muito da sinceridade.
ResponderExcluirWESLEY MARCHIORI