Minha irmã hoje me contou um caso interessante. Ela estava no supermercado fazendo compras e queria levar laranjas. Prá você entender melhor, preciso explicar como é a composição dos preços na banca das frutas dessa loja:
Laranja 1 e laranja 2. A laranja 1 é vendida por quilo e é mais barata. Já a laranja 2 é empacotada e mais cara. Dá prá imaginar qual é a mais bonitinha e provavelmente melhor né? Então, até aí ninguém tá lesando ninguém, você escolhe o que quer de acordo com o que pretende pagar.
Deu que a laranja 1 não tava lá essas coisas. Nesse momento tinham tres pessoas na banca, minha irmã, um homem e uma dona.
A minha irmã falou:- Ah, acho que vou levar a laranja do pacote, essa outra tá muito ruim...
O homem falou:
- É, tá compensando mais levar essa, mesmo que seja um pouco mais cara...
A dona, que poderemos chamar de Sra. Espertinha disse:
- Que isso, sempre que é assim eu abro o pacote e levo a laranja prá pesar, como se fosse a outra...
Sentiu o drama? Apostar não vou que não sou doido, mas garanto 99% de chance dela se indignar diante das notícias de corrupção da quadrilha que manda no país. Aposto, aí já posso apostar, que ela tem medo de pivete e muuuuiiito provavelmente ela muda de calçada quando vem de frente com um morador de rua.
Me conta, essa dona não é uma pivetona? Essa dona dentro de um Congresso não ia deitar e rolar? E ó-be-ve-o que entre ela e o morador de rua a diferença é o endereço, quando muito, porque o fato de morar na rua não faz dele um ladrão de laranjas, atividade na qual ela comprova grande competência.
Tenho trocentos outros casos semelhantes, e você com certeza também tem. Claro, é gente furando fila, comprando trem roubado, ficando com troco errado, levando roupa prá experimentar em casa e devolvendo depois de usar na festa, comprando DVD pirata, enfiando pipoca na bolsa prá comer dentro do teatro... Ops, comecei a advogar em causa própria :-)
Não existem tamanhos de delitos e infelizmente prá maioria o que conta é simplesmente de que lado do balcão está. Não sei se falo o brasileiro ou o ser humano, mas é fato que as pessoas querem fazer passeata pela paz de manhã e subir o morro do macaco molhado de noite.
Não dá ne?
Eu adoro quando você dá esses exemplos de situações cotidianas e ilustrativas, mas que revelam toda uma sequencia de comportamento.
ResponderExcluirNão sou fã de Casseta e Planeta, mas lembro uma vez em que eles foram às ruas perguntando 'Você é contra a corrupção?' , e como era de se esperar, todos aderindo a moda do politicamente correto, respondiam que não...
A contra-resposta dos Cassetas então se apresentava: 'Se eu te der 50 reais, você muda de idéia?' , tá, eu por 50 reais também entraria no jogo, afinal, não estaria agredindo ninguém, mas o exemplo é claro, todo mundo reclama, mas faz igual. Roubar 10 milhões ou 1 real, é qualificado no mesmo artigo... Alguns anos atrás uma senhora de uns 70 anos foi presa em minha cidade por roubar 3 reais.
Não estou abrindo a discussão pra questões como 'Seria certo ela pagar a pena, e os politicos não' e muito menos se 'ela precisava do dinheiro pra comprar remédio pois as farmácias cobram absurdos' , enfim, a questão é a 'falha' no comportamento das pessoas em um modo geral, e o ponto de vista que defendo é o seguinte: Pessoas como a dona das laranjas superfaturam laranjas pois é o que ela vê no cotidiano, mas se esta fosse política, estariamos lendo a historia na Folha de São Paulo, com vários 0's em destaque.
Um abraço pra você, e pra todas as laranjas!
muito bom esse seu blog - duilio
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